quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Ponto de Esperança, para animar


Ponto Esperança - Point Hope.

Viagem virtual ao Ártico [mais uma].

Na costa noroeste do Alasca, uma das zonas mais desoladas e difíceis de habitar do planeta - a natureza é desolada e inóspita, a civilização demasiado longínqua - há uma povoação denominada 'Point Hope', ou 'Ponto Esperança'. Esta contradição talvez venha a explicar-se, com as alterações climáticas, se as zonas árticas passarem a ser mais temperadas.


Point Hope (Tikiġaq) fica numa faixa de gravilha nas terras baixas do litoral a norte do estreito de Bering, tundra ártica semeada de lagunas e durante boa parte do ano coberta de gelo. É aqui que o rio Kukpuk forma um largo delta sobre a costa do Mar de Chukchi.

O nome "Hope" foi atribuido por um capitão da marinha britânica em honra da família Hope, ligada ao mar, mas quem aqui habita desde há séculos é o povo Inuit Inupiat, para quem a aldeia se chama Tikigaq. A península de Lisburne é mesmo uma das áreas povoadas há mais tempo em todo o Alasca.

Point Hope, junto ao vasto Marryat Inlet e ao delta do Kukpuk, zonas de grandes rebanhos de caribú.

Manada de caribús atravessa o rio Kukpuk.

O mar de Chukchi gela quase todo o ano, ficando livre de gelo entre Junho e Setembro, quando as condições já não impedem a largada dos barcos. Os residentes de Point Hope têm uma economia de subsistência dependente dos recursos marinhos.

Baleeiros nativos lançando um umiak

A história de Point Hope foi marcada pela pesca à baleia, pastoreio de manadas de caribou, e comércio de peles. Outros recursos mais raros são as morsas e ursos polares, mas ainda é a tradição baleeira, agora muito regulada,  que sustenta a população.
Umiak com os arpões em posição. Os umiak são feitos com pele de foca sobre uma estrutura em madeira.

Point Hope / Tikigak

Coordenadas: 68º 21' N , 166º 47' W
                     (320 km a norte do Círculo Polar)
População:  ~ 750, Inupiat

A rua principal

A loja cooperativa é a única fonte de bens de consumo.

A "esperança" local deve ter crescido um pouco com a nova escola, bem equipada, assim como o acesso à internet.

A Tikigaq School trouxe uma vida nova a Point Hope; é a segunda maior do Alasca e tem mais de 250 alunos. A sua biblioteca serve uma larga área geográfica.

A Câmara (e Centro Comunitário), em forma de igloo, é o edifício mais marcante da aldeia.


Casa típica e trenó, os haveres mínimos.

Mas o snow scooter vem substituindo os trenós.

Uma família de bons rendimentos: SUV, moto-4 e trenó.

Vestida para o frio.

Hábitos urbanos, para o bem e para o mal.

Rodada de chá nas festas de Junho.

Em Junho o tempo melhora e os dias são mais longos. É por essa altura que se realiza a grande festa anual:

Nalukataq

Significa "atirar ao ar". É a mais divertida das actividades do festival da Primavera dos esquimós Inupiat do Alasca. Uma manta de pele de foca, cosida a uma armação redonda, faz de trampolim. Chama-se ugruk. O lançamento de pessoas ao ar celebra uma boa temporada baleeira. Capitães de barco e tripulação seguram na armação enquanto os habitantes mais corajosos se tranformam em projécteis.



Durante o festival também não falta drum dancing, as tradicionais danças de tambor.

Um belo objecto, o tambor Inupiat.

Uma outra arte que tem tido algum sucesso é a da cestaria, recorrendo ao aproveitamento de fibras e ossos de baleia. Os cestos de Point Hope atingem preços elevados.
Uma cabeça de urso em osso de baleia a encimar um cesto de Harry Hank, Point Hope.


Nesta latitude os dias e as noites e as variações de luz são estranhas e surpreendentes para quem vive mais a sul.

Point Hope ao sol da meia-noite.

O anoitecer logo seguido de amanhecer...

A forte simbologia dos ossos de baleia.

Luz da meia noite no mar de Chukchi :


'Umiaks' sob a aurora boreal

----------------------------
A Esperança de Point Hope é sobretudo a de que o petróleo explorado logo ali mais a Norte não dê cabo da terra, da Natureza, da autenticidade e da cultura, das pessoas.

Sem comentários: