Moskstraumen = Moskentraumen= corrente da [ilha] Mosken. Criado o mito, chegou-se a proporções desmesuradas de uma espécie de funil em turbilhão de que nenhum barco poderia escapar, um gigantesco vórtice circular que mergulha até ao fundo do oceano.
Dez anos depois de Poe , é Herman Melville que põe o Captain Ahab a jurar dar caça a Moby Dick até ao fim do mundo, “mesmo à volta do Maelström , se tiver que ser”.
Também em Julio Verne se encontram referências , nas “20000 léguas submarinas” de 1870, como um redemoinho de que barco algum consegue escapar, onde Nemo finge precipitar o Nautilus.
Em 2007, a animação Disney “filma” uma batalha naval na vizinhança de um monstruoso maelstrom - “Pirates of the Caribbean: At World’s End”.
Mas a culpa não é de Poe. Em 1539 um bispo sueco em Roma desenhou um mapa em que descreve o maelstrom como “uma força tão poderosa como uma torrente súbita correndo montanha abaixo (… ) navegar neste mar é extremamente perigoso porque um barco seria subitamente sugado para o fundo de um abismo rodopiando em espiral”.
Em 1791 o americano Henry Livingstone descreveu no New York Magazine as suas observações do fenómeno: “na maré vaza o mar recua com uma violência e ruído que superam as mais fortes cataratas.” “formam um vórtice de grande profundidade e extensão, tão violento que qualquer embarcação que se aproxime será irresistivelmente atraída para o turbilhão, e desaparecerá, só sendo visível na nova maré vaza, desfeita em fragmentos.”
Livingstone, ainda não satisfeito, continua com uma tragédia sucedida 5 anos antes: depois do casamento do conde de Herndale, os convivas foram surpreendidos no regresso por um golpe de vento que trouxe uma maré súbita: “O rugido do mortífero golfo cresceu mais e mais, a lancha já está perto da maré em turbulência, capaz de captar um navio e fazê-lo rodopiar 100 vezes em torno do vórtice antes de o rebentar. (...) Por um momento o barco esteve na berma do tenebroso declive, girou, mergulhou no túmulo e sob o seu troar ouviram-se gritos e – nada mais.”
Já não se escrevem história assim, mas é fácil imaginar Poe deliciado, noite fora, com este “jornalismo” sobre as Ilhas Lofoten .
O Moskenstraumen, como é designado localmente, é bastante poderoso mas não passa de uma corrente de maré, conjunção das fortes correntes que atravessam o estreito de Mosken e a grande amplitude das marés. Nunca sugou um barco inteiro, pode talvez afogar um nadador desprevenido. Actualmemte até há visitas turísticas em pequenas embarcações.
Em 1977 investigadores da Universidade de Oslo, fartos de especulação demencial, construiram um modelo dinâmico das marés locais. Concluíram que há uma frente de maré de 6 Km de largura que se desloca à velocidade de 0,1 m/s ! Nada de assustador (http://www.math.uio.no/maelstrom/ ). É como uma torrente marítima, uma coisa impressionante e ameaçadora mas pouco perigosa.
Um Maelström é o que faz rodopiar agora o mundo dito globalizado, e parece que vivemos num torvelinho em que andamos à roda, cada vez mais acelerados para um negro vórtice, uma descida aos infernos onde ninguém sabe o que nos espera.
Mas não será , tal como o de Poe, afinal uma bem inofensiva correntezinha de maré que só atrapalha uns poucos incautos? Impressionante, ameaçadora, mas pouco perigosa ? Não será uma invenção insana e demencial de “poetas” que afinal lucram à fartura com o clima gerado pelo terror do dramático e revoltoso naufrágio?
Escrevia Poe, nas palavras do narrador, que "quanto maiores eram mais depressa se afundavam". Estamos a assistir ao colapso de alguns grandes. Não estarão os pequenos fora de perigo com um pequeno esforço?
Em 2007, a animação Disney “filma” uma batalha naval na vizinhança de um monstruoso maelstrom - “Pirates of the Caribbean: At World’s End”.
Mas a culpa não é de Poe. Em 1539 um bispo sueco em Roma desenhou um mapa em que descreve o maelstrom como “uma força tão poderosa como uma torrente súbita correndo montanha abaixo (… ) navegar neste mar é extremamente perigoso porque um barco seria subitamente sugado para o fundo de um abismo rodopiando em espiral”.
Em 1791 o americano Henry Livingstone descreveu no New York Magazine as suas observações do fenómeno: “na maré vaza o mar recua com uma violência e ruído que superam as mais fortes cataratas.” “formam um vórtice de grande profundidade e extensão, tão violento que qualquer embarcação que se aproxime será irresistivelmente atraída para o turbilhão, e desaparecerá, só sendo visível na nova maré vaza, desfeita em fragmentos.”
Livingstone, ainda não satisfeito, continua com uma tragédia sucedida 5 anos antes: depois do casamento do conde de Herndale, os convivas foram surpreendidos no regresso por um golpe de vento que trouxe uma maré súbita: “O rugido do mortífero golfo cresceu mais e mais, a lancha já está perto da maré em turbulência, capaz de captar um navio e fazê-lo rodopiar 100 vezes em torno do vórtice antes de o rebentar. (...) Por um momento o barco esteve na berma do tenebroso declive, girou, mergulhou no túmulo e sob o seu troar ouviram-se gritos e – nada mais.”
Já não se escrevem história assim, mas é fácil imaginar Poe deliciado, noite fora, com este “jornalismo” sobre as Ilhas Lofoten .
O Moskenstraumen, como é designado localmente, é bastante poderoso mas não passa de uma corrente de maré, conjunção das fortes correntes que atravessam o estreito de Mosken e a grande amplitude das marés. Nunca sugou um barco inteiro, pode talvez afogar um nadador desprevenido. Actualmemte até há visitas turísticas em pequenas embarcações.
Em 1977 investigadores da Universidade de Oslo, fartos de especulação demencial, construiram um modelo dinâmico das marés locais. Concluíram que há uma frente de maré de 6 Km de largura que se desloca à velocidade de 0,1 m/s ! Nada de assustador (http://www.math.uio.no/maelstrom/ ). É como uma torrente marítima, uma coisa impressionante e ameaçadora mas pouco perigosa.
Um Maelström é o que faz rodopiar agora o mundo dito globalizado, e parece que vivemos num torvelinho em que andamos à roda, cada vez mais acelerados para um negro vórtice, uma descida aos infernos onde ninguém sabe o que nos espera.
Mas não será , tal como o de Poe, afinal uma bem inofensiva correntezinha de maré que só atrapalha uns poucos incautos? Impressionante, ameaçadora, mas pouco perigosa ? Não será uma invenção insana e demencial de “poetas” que afinal lucram à fartura com o clima gerado pelo terror do dramático e revoltoso naufrágio?
Escrevia Poe, nas palavras do narrador, que "quanto maiores eram mais depressa se afundavam". Estamos a assistir ao colapso de alguns grandes. Não estarão os pequenos fora de perigo com um pequeno esforço?
Never shall I forget the sensations of awe, horror, and admiration with which I gazed about me. The boat appeared to be hanging, as if by magic, midway down, upon the interior surface of a funnel vast in circumference, prodigious in depth, and whose perfectly smooth sides might have been mistaken for ebony, but for the bewildering rapidity with which they spun around, and for the gleaming and ghastly radiance they shot forth, as the rays of the full moon, from that circular rift amid the clouds which I have already described, streamed in a flood of golden glory along the black walls, and far away down into the inmost recesses of the abyss.
Edgar Allan Poe
(imagens do actual Moskenstraumen no slideshow das ilhas Lofoten)
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