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domingo, 2 de novembro de 2014

Suzuki e o Bach Collegium Japan, (s)em prejuízo do 'Hayastan yerkir' por Savall


Premiada em 2010 com o Diapason d'Or, a orquestra Bach Collegium Japan especializou-se em música de Bach, muito estudada e reflectida de forma a tentar transmitir uma espiritualidade conforme à da época do compositor. Parece que vem conseguindo, se vale o sucesso que obtém por toda a parte. Uma confluência inesperada do oriental com o centro-europeu.

Neste concerto, hoje na Casa da Música, estiveram em destaque o órgão, solista ou acompanhando as cantatas, e o violino. Cada parte vocal e instrumental contou com um só elemento, sendo o côro reduzido aos dois solistas, soprano e barítono, e os executantes a um máximo de oito. Um minimalismo de meios radical que para mim foi excessivo.

Hana Blažíková, soprano
Dominik Wörner, baixo-barítono
Masato Suzuki, órgão 
Masaaki Suzuki, cravo e direcção

Johann Sebastian Bach
Concerto para órgão em Ré menor ( BWV 35)
Cantata “Liebster Jesu, mein Verlangen”, BWV 32
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Cantata “Der Friede sei mit dir”, BWV 158
Sonata em trio para 2 violinos em Lá menor
Cantata “Ich gehe und suche mit Verlangen”, BWV 49



O órgão foi um dos principais atractivos; o instrumento usado era uma pequena jóia toda em madeira, com excepção da parte eléctrica. O concerto para órgão, a abrir, revelou logo uma grande pureza tonal de todo o conjunto, fazendo quase esquecer a pequena dimensão. Violino e órgão em execução mais 'vistosa' mas sempre admiráveis de timbre.

A opção vocal é coerente mas foi um dos pontos fracos do concerto. Custa ouvir as cantatas sem côro; as duas vozes ligavam bem mas foram muito inexpressivas, mortiças. A BWV 32 foi ainda assim a mais bem executada, com uma brilhante parte de violino, quer a solo quer em contraponto à voz, da violinista Yukie Yamaguchi.



http://bachcollegiumjapan.org/en/profile/masaaki-suzuki/
http://darcadia.blogspot.pt/2007/10/yukie-yamaguchi.html
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Para ouvir Bach por Suzuki, abdiquei do concerto de Jordi Savall no dia 4. Tenho pena, sobretudo por este evocativo e muito lindo hino arménio, Hayastan yerkir. Espiritualidade patriótica.



Os arménios sofreram, como hoje os curdos, os maus tratos de nações vizinhas e a falta de um estado unitário próprio, negado durante séculos por russos e otomanos. Desde a antiga Pérsia e do Império Mongol, pelo menos, esta é uma região de povos sofredores e de povos opressores ao longo da História.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Outubro pasmado, Novembro agitado


Este Outubro, a minha agenda limita-se a um concerto na CM hoje, vou ouvir Yves Abel dirigir Bizet - a Sinfonia em Dó e a suite l'Arlésienne. Ou por falta de disponibilidade ou por não encontrar mais nada de jeito, vai ser um mês pasmado. Lamento falhar a pianista Valentina Lisitsa.


Gosto muito deste adagio



Já em Novembro próximo me sinto quase numa capital cultural. O mês de Novembro está bem recheado. Já é costume, e este ano não foge à regra.

- No dia 2 , na Casa da Música
Bach Collegium, dir. Masaaki Suzuki
Concerto e Cantatas de Bach

- No dia 7, Mozart - a lindíssima Missa em dó menor
canta Lisa Milne et al., dirige Olari Elts

- Dia 14, no CCVF, Guimarães Jazz 2014
Lee Konitz

- Dia 15, idem
Joshua Redman com o Trondheim Quartet

- Dia 30 , no TNSJ, Porto
Cirque Alfonse, do Canada
Bailado / Nouveau Cirque




sábado, 8 de fevereiro de 2014

Christopher Seaman na CM


Ontem na Casa da Música ouvi uma 7ª de Beethoven que foi a minha melhor de sempre em concerto. Fulgurante.

Já a noite tinha começado bem com  Finlândia de Sibelius, tocada com brio e quase devoção patriótica, imaginei-me pró-kareliano no século passado. A orquestra esteve solta, com surpreendentes ataques dinâmicos e uma bela sonoridade. Trabalho em grande de Christopher Seaman, que tem dirigido as orquestras americanas de Baltimore e Rochester.

Depois veio um Mozart passable, já é costume, a ONP não toca bem Mozart, devia abdicar dele em favor de orquestras barrocas. Um pianista também sofrível, Vadym Kholodenko, que fez o que pôde - cadenzas intragáveis - para estragar ainda mais, e em desacerto com a orquestra. Um K467 para esquecer, apesar de um menos mau andante.

A redenção voltou com Christopher Seaman e uma ONP de novo no seu melhor. Foi mesmo "O Discurso do Rei", esta sétima, enérgica, rica em detalhe orquestral e relevo de naipes, fluente mas contrastada.  Não houve um momento de fraqueza, só teria gostado de um pouco mais de ênfase nos metais como fazem Harnoncourt, Zinman ou Chailly.


Noite de grande música.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Uma programação em baixo, :(((


Eu sei que, segundo certos parâmetros, sofro de elitismo cultural eurocêntrico :D

Mas será suposto que uma Casa da Música, sala de acústica cuidada e com orquestra sinfónica residente, público habituado a música clássica, tenha na sua programação coisas que podiam muito bem ter lugar em qualquer sala popular tipo Coliseu ?

O ano de 2014 revela-se paupérrimo de programação. Basta dizer que o "tema" é o oriente, e temos o Cambodja, a China e o Japão como principais fontes musicais da agenda de concertos.

Vejamos um apanhado (preparem um lenço para as lágrimas de riso):

- Ensemble de Gamelão, dirigido por Jorge Queijo e Maria Mónica
(corpo de percussões)
- Kimuco Tsumori, de Osaka, canta Fados com alma japonesa.
- Gisela João, de Barcelos, canta Fado também, tendo-se afirmado como grande fadista nas casas do S. Vinho, Tasca da Bela e Mesa de Frades.
- Miguel Poveda , grande nome do Flamenco, Prémio Lampara Minera.
- Mallu Magalhães vem promover o recente CD Pitanga, com preciosa colaboração de Marcelo Camelo.

E isto, só em Janeiro ! Que maravilha ! Depois vem mais, muito mais ( e estou a saltar uns quantos):

- Márcia, que se estreou com  e tem mais de um milhão de visualizações no youtube.
- Banda Sinfónica Portuguesa, com a The Queen Symphony de Tolga Kashif, homenagem à incontornável banda rock Queen. E outros programas assim aliciantes noutras datas !
- Banda Militar do Porto, dir. Capitão Alexandre Coelho, que confere brilhantismo às cerimónias militares
- Goran Bregovic, da Bósnia, inspira-se em bandas de metais ciganas, polifonias búlgaras, guitarra eléctrica , percussão, cordas e cantores ortodoxos (uf !)
- Ballet Real do Cambodja, coreografia criada por Sua Alteza Real a Princesa Norodom Bhuppa Dévi, gestos graciosos e guarda-roupa colorido.
- Teresinha Landeiro, de Azeitão, estreou-se nos fados na Casa de Linhares, e obteve o 2º lugar no concurso "Fado dos Bairros".

Longe de mim insinuar que o programa de 2014 é só Fado, Folclore e Bandas. Mas o problema maior é que folheio o grosso livro de programação e não encontro nenhum Ponto Alto !  A não ser que nos contentemos com os habituais recitais de Sokolov e Lugansky, ou o Hespèrion XXI de aqui ao lado. Masaaki Suzuki e o Bach Collegium, daqui a uma ano (!), foi a única reserva que fiz com convicção.

Ah, e o concerto de jazz de Wayne Shorter.

Que diriam os lisboetas de uma programação assim na Gulbenkian ?
Acho que havia mortes.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Bellini por Luba Orgonasova na CM, dia 18

Vou começar a temporada CM com Verdi e Bellini. A soprano Luba Orgonasova vem ao Porto interpretar "Caro nome" e "È strano! È strano!" de Verdi, mas de todo o programa, espero o melhor deste momento:

Luba Orgonasova, Qui la voce sua soave 
de Bellini, I Puritani


De resto, que dizer de Berio (4 dedicaces) e Casella (Italia, uma espécie de zarzuela)? Cacofonia, estragação. Talvez por isso, sala longe de esgotar, ainda.

Os próximos tempos anunciam-se difíceis na CM, a opção pelo muito-e-barato é um erro desgraçado, qualquer casa decente da Europa prefere pouco-e-bom. Mas antes isso do que viver, como se diz, "de acordo com as nossas possibilidades" - traduza-se, com pouco-e-mau.

Qui la voce sua soave...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Casa da Música 2013

Esverdeada e dedicada a Itália, aí está a programação para 2013 da CM.


Posso concordar em parte com Jorge Calado quanto à coerência do programa; mas a crise nota-se bem na pobreza das opções. Em ano de Itália, de ópera, só uns salpicos de aberturas - nem uma só ópera em versão de concerto, ao menos ! Do barroco italiano quase nada - concertos corais com o côro da Casa e pouco mais; há umas brincadeiras leves e fáceis de Rossini, e, claro, fartura de Berio para quem gosta.

Só dois pontos altos: o Requiem de Verdi dirigido por Jurowsky a 22 de Março, imperdível; e as árias cantadas por Luba Orgonasova a 18 de Janeiro.

De Itália, estamos conversados. Ainda bem que há mais... e tanto pior para a "coerência".

De piano, temos as 109 e 110 de Beethoven a 14 de Abril por Lucchesini, que também toca algumas das belas sonatas de Scarlatti. Pelo meio, a estragar, Berio.
Temos o superlativo Sokolov a 26 de Maio, na 106 e o que mais adiante se saberá.

Na área sinfónica, a 4ª e a 9ª de Mahler, ó que italiano !, ambas em Dezembro. Michael Sanderling, da Dresdner Philharmoniker , dirige a 9ª com a OSP. Também valerá a pena ouvir Joseph Swensen tocar e dirigir o concerto nº3 para violino de Mozart e a 8ª de Dvorak, a 25 de Janeiro.

Ainda mais duas noites que podem ser gratificantes: o pianista Blechacz toca Bach, Beethoven e Chopin em Novembro (não há pianismo italiano, grazzie) e a 8 de Março um desconhecido dirige a 5ª de Sibelius , uau !, e o bonito concerto nº2 para piano de Mendelssohn.
Viva Italia ! :D