segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Uma programação em baixo, :(((
Eu sei que, segundo certos parâmetros, sofro de elitismo cultural eurocêntrico :D
Mas será suposto que uma Casa da Música, sala de acústica cuidada e com orquestra sinfónica residente, público habituado a música clássica, tenha na sua programação coisas que podiam muito bem ter lugar em qualquer sala popular tipo Coliseu ?
O ano de 2014 revela-se paupérrimo de programação. Basta dizer que o "tema" é o oriente, e temos o Cambodja, a China e o Japão como principais fontes musicais da agenda de concertos.
Vejamos um apanhado (preparem um lenço para as lágrimas de riso):
- Ensemble de Gamelão, dirigido por Jorge Queijo e Maria Mónica
(corpo de percussões)
- Kimuco Tsumori, de Osaka, canta Fados com alma japonesa.
- Gisela João, de Barcelos, canta Fado também, tendo-se afirmado como grande fadista nas casas do S. Vinho, Tasca da Bela e Mesa de Frades.
- Miguel Poveda , grande nome do Flamenco, Prémio Lampara Minera.
- Mallu Magalhães vem promover o recente CD Pitanga, com preciosa colaboração de Marcelo Camelo.
E isto, só em Janeiro ! Que maravilha ! Depois vem mais, muito mais ( e estou a saltar uns quantos):
- Márcia, que se estreou com Dá e tem mais de um milhão de visualizações no youtube.
- Banda Sinfónica Portuguesa, com a The Queen Symphony de Tolga Kashif, homenagem à incontornável banda rock Queen. E outros programas assim aliciantes noutras datas !
- Banda Militar do Porto, dir. Capitão Alexandre Coelho, que confere brilhantismo às cerimónias militares
- Goran Bregovic, da Bósnia, inspira-se em bandas de metais ciganas, polifonias búlgaras, guitarra eléctrica , percussão, cordas e cantores ortodoxos (uf !)
- Ballet Real do Cambodja, coreografia criada por Sua Alteza Real a Princesa Norodom Bhuppa Dévi, gestos graciosos e guarda-roupa colorido.
- Teresinha Landeiro, de Azeitão, estreou-se nos fados na Casa de Linhares, e obteve o 2º lugar no concurso "Fado dos Bairros".
Longe de mim insinuar que o programa de 2014 é só Fado, Folclore e Bandas. Mas o problema maior é que folheio o grosso livro de programação e não encontro nenhum Ponto Alto ! A não ser que nos contentemos com os habituais recitais de Sokolov e Lugansky, ou o Hespèrion XXI de aqui ao lado. Masaaki Suzuki e o Bach Collegium, daqui a uma ano (!), foi a única reserva que fiz com convicção.
Ah, e o concerto de jazz de Wayne Shorter.
Que diriam os lisboetas de uma programação assim na Gulbenkian ?
Acho que havia mortes.
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5 comentários:
Nem sei o que lhe diga, Mário. Se a programação da Gulbenkian anda triste (para ser bonzinho), essa está para lá do inexplicável.
Pelo menso é hilariante....
Comprei hoje bilhetes para a oratória de Natal, espero que não me faça chorar de desespero, habotuada que estava a ouvi-la todos os anos em Munique pelo Advento....
Também queria fazer umas assinaturas com o meu filho, mas depois falta-me a coragem de ir e ele está para fora grande parte do tempo.
Nem me fale da Gulbenkian....vivi ao lado durante três anos...:(
Obrigada pelo aviso!!!
A Gulbenkian é um triste... oásis, Paulo.
Por acaso ouvi Oratórias de Natal bem fracas, em Heidelberg e em Graz, Virgínia, onde não era suposto...
O König não é nenhum especialista em Bach, e eu resolvi não arriscar. Estou fartinho de flops. Desejo-lhe toda a sorte do mundo, que eles estejam inspirados.
Assustador. Mas não foi na temporada passada, ou na anterior, já não sei, que o S. Carlos também programou fados e arraiais?
Console-se, vá. Que aqui no Algarve...
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