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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Cruzeiro no MS Bruvik até ao fim do mar: Mo i Modalen.


Em Bergen, Agosto de 1998.


Nunca fiz um cruzeiro daqueles gigantescos que duram vários dias e param em cidades. Fiz cruzeirinhos - o das ilhas do mar Egeu, o do rio Douro, e este num dos fiordes da costa Norueguesa. Era um barco bonito de dimensão agradável, com algumas madeiras e cobres polidos, e levou-nos a partir de Bergen até ao Mofjorden, também conhecido como Romarheimsfjorden.


O MS Bruvik estava acostado num cais de Bergen a poucos metros do nosso alojamento. Maravilha. Tudo cómodo, e partiu sem atraso.

O Bruvik *, de 1949, foi readaptado em 1994 para cruzeiros nos fiordes em redor de Bergen, com ida e volta no mesmo dia. Pode acolher mais de 200 passageiros.

Apesar do frio, da maresia e do cheirete a diesel, era no deck ao ar livre que se disfrutava melhor a viagem.


Mo fica no fundo do fiorde, a 100 km de Bergen, umas 3 horas de viagem.


Não se chega a sair para o mar aberto, a navegação faz-se por um largo canal até entrar no fiorde; depois é quase em linha recta, direcção nordeste.

Era um dia de Verão, com sol e alguns chuveiritos, bastante fresco e ventoso. Avisaram-nos para levar agasalho, uma manta seria fornecida.

O Mofjorden é uma canal longo mas bastante aberto, ladeado de escarpas florestadas e pouco elevadas; não tem sítios dramáticos como outros mais selvagens, apenas duas referências: o Castelo (ou as Torres) e o Mostraumen.

Slottet (castelo) i Modalen é uma dupla falésia, que deve ter vistas fantásticas lá do alto; cá em baixo impressiona pouco.


Mais interessante é o Mostraumen, um estreito que até 1913 era fechado, ou seja, o fiorde terminava aqui, e depois de um istmo havia um lago onde se situava Mo; quando se abriu o canal, as duas águas ficaram ligadas, e o fiorde muito mais profundo.


 Um dos trechos mais bonitos do fiorde (fotos de https://rodne.no/)


O Mostraumen tem 60 m de largo, e prolonga-se por 650 metros.

Pouco depois avistámos o nosso destino. Grande terra. Consegue ser mais pequena que o nome!


O cenário , com cascata e tudo, é o melhor.

Como não havia refeições a bordo, a maioria dos passageiros foram a um restaurante local, previamente combinado, antes do regresso; para nós o preço era proibitivo, tanto mais que já o passeio era carote. Optámos antes por ficar a passear na terra e arredores, até porque o sol abrira de vez e estava mesmo calor.


O edifício de acolhimento junto ao cais.

Não faltavam recantos bonitos.


Este parece ser o edifício principal da aldeia; é de um fabricante de calçado de couro cosido a mão, deve ser um luxo caro.


Casas de madeira branca, como por toda a Noruega. A densidade nesta região é de 1 habitante por km2.

A igreja e a cascata - lembrei-me da Senhora da Peneda. A igreja é da mais comum arquitectura neo-gótica de madeira, século XIX.


Uma ponte pênsil liga os dois lados do rio que desagua em Mo, o Modalselva.

Encontrámos uma vereda um pouco íngreme que subia a encosta sul; ainda deu para escalar um bocadinho até termos uma perspectiva.


Mas fazia-se tarde. Entretanto o Bruvik, que se tinha afastado para inverter o sentido de viagem, já estava acostado à espera.

Regresso com muito frio.

Não foi grande aventura, não se apreciou nada de histórico, nem houve visitas culturais; nem sequer a gastronomia deu para degustar. Mas valeu pela lufada de ar fresco no rosto, pela lavagem de poeira dos olhos, que voltaram cheios de luz e cor. E como em quase por toda a Noruega, respira-se uma sensação libertadora de Ultima Thule.

Adeus, MS Bruvik barquinho lindo, obrigado pelo passeio.


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* Bruvik é também uma pequena localidade, noutro fiorde próximo de Bergen.


domingo, 7 de julho de 2024

No Sistelo finalmente, com passagem na Ecovia e na Vilela


 
A aldeia vista do miradouro (com zoom).

Já há alguns anos na minha agenda, nunca mais chegava  o momento de ir a Sistelo, a aldeia dos socalcos a norte do  Mezio e a poente da Serra da Peneda. Foi agora no fim desta Primavera, e como escrevi aqui a propósito de Ermelo, encontrava-se rodeado de uma exuberante verdura, muita água e pouca gente. Onde estão todos, minhotos ou visitantes, nos bares? Nos festivais de Verão?


Para chegar a Sistelo não há que enganar: sair de Arcos de Valdevez para Norte, abandonar a M101 e passar à M505. Isto sucede depois de Rio de Moínhos. A estreita M505 sobe pela margem direita do rio Vez, junto à Ecovia, o que permite um acesso fácil para pequenos passeios a pé na passarela sob frondosa vegetação fluvial.

A estrada segue ora entre muros e ramadas, ora colada à ecovia do rio Vez , à direita. 


Não são os passadiços, mas já se pode disfrutar a margem sem grandes caminhadas. Deve haver truta, na época certa.




Ponte da Vilela



É uma ponte românica medieval, anterior a 1258.



Pouco adiante, deixa-se a M505 virando à esquerda para a N202-2, que começa a subir e a curvar entre arvoredo e com o rio do lado esquerdo, cada vez mais fundo no estreito vale (há vários acessos a pé, encosta abaixo). 
Até que...


Aldeia de Sistelo


O chamado Castelo é apenas um palacete de brasileiro regressado, do séc. XIX. Foi o 1º Visconde de Sistelo, escudeiro da Casa Real Portuguesa; o fontanário e uma das pontes também se devem ao Visconde.

Agora é restaurante, abre para festas e 'eventos'.


O miradouro mais pitoresco é o dos espigueiros. Está como novo, são talvez oito à volta do tanque comunitário das lavadeiras, também recuperado.



A junta pintada de amarelo forte foi recuperada juntamente com o núcleo de espigueiros, que diferem dos do Soajo pela madeira entre os pilares de pedra.




Restaurados, com as datas de construção bem visíveis.


Lavadouro à sombra e com vistas... 

O fontanário, no centro.


Do adro parte um dos caminhos encosta abaixo até ao rio Vez.

A aldeia foi sempre lugar de pastoreio no vale e agricultura nos socalcos. Agora são actividades reduzidas, adivinham qual é a principal? Claro, o turismo - alojamento e tasquinhas. Mas ainda se vê um ou outro tractor a carregar verdes para o gado, a variedade local é a 'vaca cachena'. Não é raro surgirem pela frente na estrada. 

Vistas do Miradouro




Os acessos estão bons, houve investimento, dois restaurantes, o passadiço oferece caminhadas paradisíacas. Ou me engano muito ou não tarda é tudo de brasileiros, franceses ou ingleses. Os nativos, escapam logo que podem. Ser pastor não é vida.

Vídeo aqui