- fim de estação: um rio na Geórgia -
O Rioni, a pouca distância da nascente.O rio Rioni corre na Geórgia, desaguando em estuário no Mar Negro, em Poti. Nasce no Cáucaso, a noroeste de Ghebi (região de Racha) onde vários glaciares cobrem as montanhas, e desce em sucessivas curvas passando pela cidade de Kutaisi, e depois para oeste ao longo da planínicie até à foz - são 327 km, é o maior rio do país.
Bem conhecido na antiga Grécia como rio Phasis, era considerado o limite oriental da Europa - a fronteira da Terra habitada (oecumene). A primeira referência é de Hesíodo, cerca de 700 AC, tendo a cidade grega sido fundada no fim desse século; Ésquilo , no século V, escreve "... aqui fica o Phasis, a poderosa fronteira comum entre a terra da Europa e da Ásia" . O Phasis era entendido como uma divindade, um deus-rio.

Havia colónias gregas na costa do Euxino, e uma em particular (Phasis) onde agora fica Poti. A lenda de Jasão e os Argonautas situa ali o palácio do rei da Cólquida e sua filha Medeia, que detinham o mítico Tosão ou Velo de Ouro; para ser resgatado pelos navegadores gregos da Argo, comandados por Jasão, foi necessário lançar feitiços sobre Medeia - ela prória feiticeira - fugindo ambos com o tesouro de volta para a Grécia.
Argo, de Constantine Volanakis. Foi um barco inovador, com 50 remadores, que eram os 50 guerreiros de Jasão.
O estuário do Rioni, área natural protegida. Por aqui subiu o Argo.Muitas escavações arqueológicas, algumas submarinas, tiveram lugar à procura de restos de Phasis; nada foi ainda encontrado, talvez porque es terras pantanosas aqui têm sido instáveis, o mar avança, há lagos desparecidos... A única prova são as variadas fontes escritas.
Voltemos ao Rioni. Vamos da foz para a nascente. Nesse percurso, a principal cidade é Kutaisi.

Kutaisi é a 3ª maior cidade do país, depois de Batumi. Fica na planície central da Geórgia, a sul do Cáucaso, e é um dos centros de expedições (turísticas ou aventureiras) ao Cáucaso.
Kutaisi não é cidade que apeteça visitar; mas tem duas ruas históricas que fazem uma esquina com alguma elegância, e um Museu.
Rua Pushkin, Kutaisi
Para atravessar o rio, dispõe da chamada Ponte Branca sobre o Rioni, que tem alguma fama e é o ponto alto turístico de Kutaisi.
Daqui para cima, aproximando-se o Cáucaso, as águas são cada vez mais limpo (não faltam trutas) mas de aspecto leitoso, devido ao terreno e às fontes glaciares.
O Rioni já nas encostas do Cáucaso, passando em Oni.
Acima de Oni, o rio tem uma zona de rápidos que são procurados, quando há caudal, para desportos como rafting.
A região caucasiana de Racha ainda não é destino turístico de massas, mas encerra algumas das paisagens mais espantosas do planeta. A nascente do Rioni, a leste do grande complexo glaciar Skhara, é alimentada pelo glaciar Edena e pelos lagos glaciares Sovano.
Monte e Glaciar Edena, 4008 m
Li dois livros fundamentais para seguir a rota de viajantes que partiram com destino às montanhas do Cáucaso,
- The Frosty Caucasus, um longo e detalhado relato por Florence Crauford Grove, alpinista e escritor inglês de finais do século XIX.
- In Wonderland, já aqui referido, um conto de viagem de Knut Hamsun, que atravessou o Cáucaso entre Vladikavkaz e Tiblisi, junto ao fantástico Monte Kazbek.