quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bryn Terfel a plenos pulmões

Dá gosto um hino assim cantado como nos tempos heróicos. Claro que só um não-país pode desencadear tal entusiasmo...
São tão poucas as nações que, hoje em dia, ainda suscitam um orgulho fervoroso nos seus cidadãos.
Hir yn byw cymru, pois, barítono Terfel!


Talvez gostasse, eu, de ser galês ;)

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Nobel para SIC e TVI, já! A notícia mais estúpida do ano.

SIC 20 de Outubro, TVI 28 de Outubro
Irmãs no disparate
Desta vez a RTP safou-se...

Grande descoberta, grande exclusivo: duas televisões portuguesas encontraram vida em Marte!
AHAHAHAHAH
Nobel para SIC e TVI, já !



Mas qual bactéria foi já encontrada em Marte? Nenhuma! Viva o disparate! Nem sequer água foi ainda encontrada...
Informação objectiva e rigorosa, está visto. Só cá. Onde é que esta gente tirou o curso?

sábado, 27 de outubro de 2012

A guitarra de Paganini

Niccoló Paganini, nascido a 27 de Outubro 1782,
230 anos, há 7 gerações atrás.

Grande Sonata para guitarra
Allegro Risoluto 
Ana Vidovic, gt 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

***** a 2ª de Beethoven por Antonini *****

A Classic Fm transmitiu hoje o concerto com Giovanni Antonini à frente da Filarmónica de Berlim, em 23 de Setembro de 2010.

Ouvir o milagre de Antonini - transformar a Philharmoniker numa luxuriante orquestra barroca - foi uma surpresa permanente. A interpretação da 2ª de Beethoven foi inesquecível, electrizante, de  arrepiar. Os ataques de cordas barrocos e uma agógica totalment nova - nunca ouvi nada assim - deixaram-me em transe.

Um excerto da 2ª:


O resto do programa também valeu a pena: Bach (J.S. e C.P.E.)
excertos:


Muito mais em
http://www.digitalconcerthall.com/en/concert/1624/antonini-bach-beethoven

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A ilha do capitão Nemo

Descobri-a !


Fica na Antártida, afinal ( o livro localizava-a no Ártico) e não admira que  Júlio Verne, nas 20 000 Léguas Submarinas, se tenha inspirado nela para base secreta do Nautilus - a caldeira oculta de um antigo vulcão.

Chamava-se mesmo Vulcânia, a ilha onde Nemo travou a batalha final.

A ilha real é a Deception Island (ilha do engano),  uma das South Shetland.

Já agora, também Dan Brown veio aqui buscar inspiração para Deception Point, o seu melhor livro. 

E então, cá vai mais um post da longínqua Antártida, o continente menos populoso do planeta e um dos locais onde segredos e descobertas ainda são possíveis. Algumas imagens são ampliáveis.


Coordenadas: 62° 55-57' S, 60° 37-38' W

Deception Island  é um pequeno território de paisagem invulgar: encostas de lava, glaciares com camadas de cinza,  praias negras de águas vaporosas  - na Whalers Bay, uma zona de águas quentes,  ainda se vêem as ruínas de uma antiga estação baleeira.

Praia de águas escaldantes de origem vulcânica em Whalers Bay.


A ilha é uma antiga cratera vulcânica inundada pelo mar, uns 120 km a norte da Peninsula Antártica, e a menos de 500 km a norte do Círculo Polar Antártico, no limite sul da tristemente famosa  Passagem de Drake, zona tempestuosa de muitos naufrágios .


Deception Island tem a forma de ferradura à volta da caldeira, com 9 km de diâmetro - Port Foster, um largo porto em forma de bacia.

Para entrar em  Port Foster há apenas um estreito canal chamado  Neptune's Bellows.

Neptune's Bellows, no sul da ilha, tem só  230 m de largura.

A laguna interior permitia aos baleeiros um bom abrigo. Até ao séc. XIX  a pesca de focas e baleias foi intensa, chegaram a estar 13 navios ancorados na baía.


É um dos portos naturais mais seguros e abrigados do mundo, e o único onde os navios podem entrar directamente para o centro de um vulcão ainda activo.

Praias negras de cinza e encostas brancas, da neve e dos glaciares.


Bailey Head, no leste da ilha, é uma impressionante linha recta de praia negra, local de visita de imensas colónias de pinguins.

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A BASE ESPANHOLA Gabriel de Castilla

A estação baleeira foi abandonada em 1931,  e em 1969 uma erupção vulcânica cobriu-a de cinzas.  Actualmente, a única presença humana é a estação espanhola Gabriel de Castilla.

Costruída em 1990 como base militar, a Gabriel de Castilla serve de apoio à investigação nas ciências da natureza (climatologia, geologia, biologia) e estudos topogáficos.

A base tem vários módulos: uma residencial, dois laboratórios, igloos (um ginásio, um dormitório para visitantes), uma enfermaria e os apoios à sobrevivência - fonte de energia, armazém.

Com ventos de 300 km/h, temperaturas até -90 ºC (médias de -40 a -60 º C) e menos chuva que o Sahara, não há insectos, nem vírus, nem bactérias, praticamente não há doenças entre os humanos.  Só a deprimente solidão.
Pelo magnifico cenário e pelo porto acolhedor, a ilha já faz parte da rota dos cruzeiros durante o verão  antártico.

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Pronto, mais um destino de fim do mundo onde não irei com certeza! Estes lugares de outro planeta são sempre tão longe. 

Mas pensando duas vezes, para emigrar nem era mau. Sossego, águas quentes, pinguins em vez de lusitanos...

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Bell'alme generose

Inigualável, memorável, sublime Montserrat Caballé
Elisabetta, Regina d'Inghilterra de Rossini

Bell'alme generose, 
a questo sen venite. 
Vivete, omai gioite; 
siate tutti tutti tutti tutti felici anch'io.  
siate felici ognor 

(do Youtube, recortado por mim)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O Guadagnini de Sol Gabetta

Sol Gabetta, a nova Dupré (dizem), nasceu em Córdoba, Argentina (1981); é uma violoncelista de ascendência franco-russa, vive actualmente em Basileia, onde trabalha com a Kammerorchestra, e realizou um excelente Projecto Vivaldi.

Não lhe falta cosmopolitismo ! Nem talento, parece. O sucesso maior obteve-o em Lucerna, em 2004, com a Filarmónica de Viena dirigida por Valery Gergiev. Desde aí acumula prémios.



Dois bons CDs:
- Haydn / Hofmann / Mozart, Concertos com a Kammerorchester Basel
 - Il Progetto Vivaldi , I e II, com os Sonatori de la Gioiosa Marca

Na música barroca, toca um raro Guadagnini de 1759, leve, ágil e doce, adequado à sonoridade dos Sonatori. E Gabetta sabe usá-lo com virtuosismo admirável.

Eis o adagio do concerto de Haydn
Sol Gabetta, vc


Agora Vivaldi, com os Sonatori, Gabetta mais exuberante, fazendo ouvir toda a opulenta sonoridade do Guadagnini.
Concerto para Violoncelo, RV 410



Num registo totalmente diferente, o belíssimo Kol Nidrei de Bruch.
Sol Gabetta, violoncelo 
Orchestre Nacional de Lyon
dir. Leonard Slatkin

sábado, 13 de outubro de 2012

À vous, moules à gaufres de mon pays

Re - publicação, dado o momento actual.





Va caguer à Endoume parece-me apropriado.


NOTA: não apaguei os comentários antigos, à primeira publicação

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Vieira da Silva, o Livro agradece :)

À terceira foi de vez, levei a máquina e fiz fotos. A EDP já me vai ao bolso que chegue, ao menos vingo-me. Ninguém a controlar, e até havia outra visitante a fotografar! Estas coisas dependem da sorte e de estados de alma...

Agora poderei olhar para eles demoradamente sempre que queira - mesmo não sendo a mesma coisa, já se sabe. Mas a democratização das coisas implica sempre uma perda de qualidade, hélas. E a net democratiza muito.

Ampliar para ver detalhes pode ser surpreendente.
Aqui ficam alguns dos mais queridos vieirinhas.

Dislocation du labyrinthe, 1982

Cristal,1970
Procurar as pequenas manchas verdes, as amarelas...
Admirar a minúcia do intrincado traçado, o cuidado nas variações tonais de azul...

Scenic Railway, 1957
Genial, mais nada !

Detalhe
Há sempre um quadro dentro do quadro
Como um Livro dentro do Livro
Como Borges



Ruines, 1955



L'entrée du chateau,ou Hommage à Kafka,1950

Entremos, pois:

Que estará para lá de...

Enigme, 1947
Muito conhecido, sempre espantoso


Detalhe
O retorcido cenário de uma geometria não euclidiana 4D...
Os pequenos toques de côr... incríveis joiazitas de alegria...

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Este deve ser um dos mais belos posts de sempre aqui no Livro!!!!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

No desemprego o meu irmão

Droga, toca a todos, e as coisas boas são as que são destruídas mais depressa.

O meu irmão Paulo trabalhou no Público anos a fio, desde a fundação, ultimamente como editor de fotografia. Foi "reestruturado", como ele assume com mágoa/raiva, e agora ?

Algo está mal, muito mal, nesta coisa de não há empregos para a vida. Admite-se que um jovem seja despedido ainda cedo se não se adapta ao trabalho. Pode fazer mais estudos, mudar de vida. Mas depois de nos terem sugado metade da existência, ninguém tem o direito de nos pôr na rua, já cansados para procurar, para emigrar. A expectativa de emprego para a vida, a partir de certa idade, de certos anos na empresa, é mais que justa.

Desolado, Paulo.

Fotos tuas, dos Açores:





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O Paulo manteve no Fugas, que editava, várias fotogalerias, por exemplo:

Catedral
Nove Maravilhas
De bicicleta

Vida nova, janelas que se abram, venham generosas p.f.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Este governo ou outro?

Por mais malvadezas que sejam praticadas contra o contribuinte em nome da crise, não consigo acreditar nem alinhar com aqueles que se dizem oposição radical ou alternativa e que de facto só têm a propor uma albanização rápida do país - via caloteira, bancarrota, vendas ao desbarato, saída do euro, abandono da Europa, aliança afro-brasileira. Há até quem advogue uma solução Chávez.

Tivemos a infelicidade de votar (quem votou) e eleger duas personagens criançolas, que sem sabedoria, maturidade ou experiência, alcançaram o poder pela amaldiçoada via da ascenção partidária e clientelista: Passos Coelho e Miguel Relvas. Parecem brincar na governação, como quem joga um jogo, arriscando perder ou ganhar sem uma estratégia consistente.

Nao tenho dúvidas da seriedade pessoal e sinceridade de convicções de Passos Coelho. Ele não é outro Sócrates. No carácter, deixa a milhas muita gentinha famosa da oposição que tanto contra ele berra. Mas numa situação aflitiva como a que passamos, não é homem para estar ao leme, nem para ser grumete. E perdeu toda a confiança da tripulação.

Partindo daí, não me parece que possamos ter melhor governo que este. Na Saúde, na Justiça, na Economia, na Educação, nas Finanças, na Administração Interna e na Agricultura e Pescas estão pessoas sérias e respeitáveis, sabedoras e convictas. Têm prestígio e currículo difícil de igualar. Não se consegue melhor neste país, não no PS, muito menos noutro lado. É escusado ter ilusões: só podem ser trocados para pior.

Como não se pode remodelar o PM , resta o remodelável Relvas. Se ele sair, não vejo mesmo razão nenhuma para deitar abaixo um governo que nos vai ao bolso de forma indecente, iníqua, mas com razões de extrema aflicção que compreendo. Podia fazer melhor, sim. Pode-se sempre. Mas não confio em ninguém do PS para isso. Nem quero pagar inúteis eleições.

Finalmente, a Europa. Hesita entre exigir rigor e ser solidária. Também compreendo - ao desbaratar os fundos que recebemos, fomos altamente não-solidários: o dinheiro não era nosso, era de outros povos, tínhamos de o poupar, e respeitar quem no-lo facultou.  Mas quando o "castigo" cai, não mais sobre a clique governante, não mais sobre a banca irresponsável e gananciosa - que devia, ela sim, pagar a crise quase por inteiro -  mas sobre os cidadãos menos abonados, então a Europa tem o dever de estar atenta a uma necessidade de ajuda solidária. Conseguir conciliar as duas coisas é tarefa que se exige aos dirigentes deste espaço de cultura e inteligência que é a União Europeia: difícil será, mas temos gente à altura com certeza. Ou não somos Europa.

sábado, 6 de outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Trompe l'oeil no Ca' Sagredo

Aproxima-se do fim esta reportagem sobre Veneza. Desta vez, venho mostrar um pouco da visita ao Ca' Sagredo, um dos palácios que bordam o Canal Grande, e que foi recentemente restaurado com requinte, e convertido em hotel (luxo supremo, presumo).

Mas mantém-se visitável. Pelos vistos pouca gente sabe: mais uma vez a sala era toda nossa, e o silêncio pontuado só pelo chap chap das águas lá fora.


Fachada rosa com as inevitáveis janelas e varandas venezianas de estilo bizantino. Os Sagredos eram uma família veneziana rica que comprou o palácio no séc. XVII (até então da família Morosini)

O rés do chão e 1º andar sobre pilares vêm do séc XIII, o 2º andar do séc XV.

Renascença veneziana: Quatro quadrifoglios e um friso rendilhado à volta.

A escadaria


Dois putti representando a primavera e o outono, abundante pintura mural.




Os quatro janelões, gradeados, com portas de acesso às varandas, deixam entrar uma suave luz coada.
 

O salão de festas - o Portego, primeiro andar nobre veneziano, onde se recebe, se negoceia e se festeja, uma sala única da frente às trazeiras.



A decoração interior é dos séc. XVII e XVIII.  

Pintura trompe l'oeil - a mais trompeuse que vi até hoje!



Há qualquer coisa nele de "palavra de líder partidário", não? Eu votava, iludido.


Luxo mobiliário banhado pela luminosidade do canal.

Na varanda, leões de costas para uma vista soberba:




Envergonhado?
 

Rente ao canal, uma varanda florida onde só muito dinheiro paga o café da manhã...