Fica na Antártida, afinal ( o livro localizava-a no Ártico) e não admira que Júlio Verne, nas 20 000 Léguas Submarinas, se tenha inspirado nela para base secreta do Nautilus - a caldeira oculta de um antigo vulcão.
Chamava-se mesmo Vulcânia, a ilha onde Nemo travou a batalha final.
A ilha real é a Deception Island (ilha do engano), uma das South Shetland.
Já agora, também Dan Brown veio aqui buscar inspiração para Deception Point, o seu melhor livro.
E então, cá vai mais um post da longínqua Antártida, o continente menos populoso do planeta e um dos locais onde segredos e descobertas ainda são possíveis. Algumas imagens são ampliáveis.
Coordenadas: 62° 55-57' S, 60° 37-38' W
A Deception Island é um pequeno território de paisagem invulgar: encostas de lava, glaciares com camadas de cinza, praias negras de águas vaporosas - na Whalers Bay, uma zona de águas quentes, ainda se vêem as ruínas de uma antiga estação baleeira.
Praia de águas escaldantes de origem vulcânica em Whalers Bay.
A ilha é uma antiga cratera vulcânica inundada pelo mar, uns 120 km a norte da Peninsula Antártica, e a menos de 500 km a norte do Círculo Polar Antártico, no limite sul da tristemente famosa Passagem de Drake, zona tempestuosa de muitos naufrágios .
A Deception Island tem a forma de ferradura à volta da caldeira, com 9 km de diâmetro - Port Foster, um largo porto em forma de bacia.
Para entrar em Port Foster há apenas um estreito canal chamado Neptune's Bellows.
Neptune's Bellows, no sul da ilha, tem só 230 m de largura.
A laguna interior permitia aos baleeiros um bom abrigo. Até ao séc. XIX a pesca de focas e baleias foi intensa, chegaram a estar 13 navios ancorados na baía.
É um dos portos naturais mais seguros e abrigados do mundo, e o único onde os navios podem entrar directamente para o centro de um vulcão ainda activo.
Praias negras de cinza e encostas brancas, da neve e dos glaciares.
Bailey Head, no leste da ilha, é uma impressionante linha recta de praia negra, local de visita de imensas colónias de pinguins.
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A BASE ESPANHOLA Gabriel de Castilla
A estação baleeira foi abandonada em 1931, e em 1969 uma erupção vulcânica cobriu-a de cinzas. Actualmente, a única presença humana é a estação espanhola Gabriel de Castilla.
Costruída em 1990 como base militar, a Gabriel de Castilla serve de apoio à investigação nas ciências da natureza (climatologia, geologia, biologia) e estudos topogáficos.
A base tem vários módulos: uma residencial, dois laboratórios, igloos (um ginásio, um dormitório para visitantes), uma enfermaria e os apoios à sobrevivência - fonte de energia, armazém.
Com ventos de 300 km/h, temperaturas até -90 ºC (médias de -40 a -60 º C) e menos chuva que o Sahara, não há insectos, nem vírus, nem bactérias, praticamente não há doenças entre os humanos. Só a deprimente solidão.
Pelo magnifico cenário e pelo porto acolhedor, a ilha já faz parte da rota dos cruzeiros durante o verão antártico.
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Pronto, mais um destino de fim do mundo onde não irei com certeza! Estes lugares de outro planeta são sempre tão longe.
Mas pensando duas vezes, para emigrar nem era mau. Sossego, águas quentes, pinguins em vez de lusitanos...
2 comentários:
Marvilhoso post, fotos etéreas quase, texto curto e interessante.
Será que nessas ilhas os burgueses poderiam viver a contestação dos pseudo proletários? I wonder...:)
Obrigada pela informação, excelente como sempre.
Abº
emendo : viver sem a contestação
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