Premiada em 2010 com o Diapason d'Or, a orquestra Bach Collegium Japan especializou-se em música de Bach, muito estudada e reflectida de forma a tentar transmitir uma espiritualidade conforme à da época do compositor. Parece que vem conseguindo, se vale o sucesso que obtém por toda a parte. Uma confluência inesperada do oriental com o centro-europeu.
Neste concerto, hoje na Casa da Música, estiveram em destaque o órgão, solista ou acompanhando as cantatas, e o violino. Cada parte vocal e instrumental contou com um só elemento, sendo o côro reduzido aos dois solistas, soprano e barítono, e os executantes a um máximo de oito. Um minimalismo de meios radical que para mim foi excessivo.
Hana Blažíková, soprano
Dominik Wörner, baixo-barítono
Masato Suzuki, órgão
Masaaki Suzuki, cravo e direcção
Johann Sebastian Bach
Concerto para órgão em Ré menor ( BWV 35)
Cantata “Liebster Jesu, mein Verlangen”, BWV 32
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Cantata “Der Friede sei mit dir”, BWV 158
Sonata em trio para 2 violinos em Lá menor
Cantata “Ich gehe und suche mit Verlangen”, BWV 49
O órgão foi um dos principais atractivos; o instrumento usado era uma pequena jóia toda em madeira, com excepção da parte eléctrica. O concerto para órgão, a abrir, revelou logo uma grande pureza tonal de todo o conjunto, fazendo quase esquecer a pequena dimensão. Violino e órgão em execução mais 'vistosa' mas sempre admiráveis de timbre.
A opção vocal é coerente mas foi um dos pontos fracos do concerto. Custa ouvir as cantatas sem côro; as duas vozes ligavam bem mas foram muito inexpressivas, mortiças. A BWV 32 foi ainda assim a mais bem executada, com uma brilhante parte de violino, quer a solo quer em contraponto à voz, da violinista Yukie Yamaguchi.
http://bachcollegiumjapan.org/en/profile/masaaki-suzuki/
http://darcadia.blogspot.pt/2007/10/yukie-yamaguchi.html
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Para ouvir Bach por Suzuki, abdiquei do concerto de Jordi Savall no dia 4. Tenho pena, sobretudo por este evocativo e muito lindo hino arménio, Hayastan yerkir. Espiritualidade patriótica.
Os arménios sofreram, como hoje os curdos, os maus tratos de nações vizinhas e a falta de um estado unitário próprio, negado durante séculos por russos e otomanos. Desde a antiga Pérsia e do Império Mongol, pelo menos, esta é uma região de povos sofredores e de povos opressores ao longo da História.
1 comentário:
Ainda bem que não fui ouvir Savall, quase todo o concerto foi uma insuportável batucada folclórica sem nada a ver com a grande música dos clássicos.
Há nestes catalães uma nítida repulsa pela Europa, e não só por Espanha. Não sei que futuro querem.
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