Era uma vez um jornal alternativo de música com pressupostos contestatários entre o anarca e o maoísta...
Era uma vez um jornal BONITO, com uma paginação criativa, um sorriso permanente à esquerda e artigos entre o extra-erudito e o puro delírio, entre o ganzado e o surreal, entre a pateada forte e a aclamação entusiática...
Como é que coisa tão extravagante saiu em 1971/74 e morreu para sempre? Como se explica que nunca mais nada do género tenha surgido?
Tenho saudades da Memória do Elefante. Aquele esquerdismo cego mas generoso não faria sentido hoje, mas o essencial da coisa - gente que escrevia sobre música com paixão e séria ironia - seria benvindo no charco da crítica musical enfadonha e submissa que hoje temos.
A Memória do Elefante [Porto, nº 1, 1971- nº 13, 1974 (?)]
Jornal de Música Popular, Jazz, Rádio, com origem na cidade do Porto, saiu ente 1971 e 1974, com direcção de Joaquim Lobo, Editor Jorge de Morais, Relações Públicas João Afonso Almeida, Supervisão de Pedro Nunes, colaboração de António José Fonseca, Mário Gonçalves, Octávio da Fonseca e Silva, Jorge Lima Barreto, Pedro Proença, António Barredo Oliveira, Renato Silva, ...
"A Memória do Elefante tem sido e continua a ser por enquanto, um trabalho quase só de amadores não remunerados cuja acção procura concretizar um ideal de crítica. Estamos alheios aos jogos de interesses que orientam, subrepticiamente ou não, muitos representantes da nossa informação profissional (orgulhosamente). Os nossos redactores não têm obrigação de, como último recurso de incapacidade, encher umas quantas folhas de papel com as futilidades mais incríveis da vida mundana de personalidades pseudo-importantes do nosso putrefacto meio artístico, precisamente as personalidades «progressistas» (ah! ah!) que conduzem à recuperação da contra-cultura. A Memória do Elefante não é de, nem para escatófagos (...)"
"A Memória do Elefante tem sido e continua a ser por enquanto, um trabalho quase só de amadores não remunerados cuja acção procura concretizar um ideal de crítica. Estamos alheios aos jogos de interesses que orientam, subrepticiamente ou não, muitos representantes da nossa informação profissional (orgulhosamente). Os nossos redactores não têm obrigação de, como último recurso de incapacidade, encher umas quantas folhas de papel com as futilidades mais incríveis da vida mundana de personalidades pseudo-importantes do nosso putrefacto meio artístico, precisamente as personalidades «progressistas» (ah! ah!) que conduzem à recuperação da contra-cultura. A Memória do Elefante não é de, nem para escatófagos (...)"
[A Memória do Elefante, nº 11, Janeiro de 1974]
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