Radu Lupu, pianista romeno entre os melhores de sempre da História da Música, era um personagem introvertido, de poucas palavras, modesto, quase severo. Nunca cultivou o estrelato, como Sokolov ou outros (e outras). E contudo, quando se sentava a tocar, o piano soava diferente, Brahms era outro Brahms, único, para escutar como pela primeira vez.
Escrevia o N.Y. Times sobre um concerto em 1996:
"É difícil descrever exactamente o que acontece quando os dedos de Radu Lupu descem sobre o piano. Não há gestos espaventosos, nem proezas técnicas deslumbrantes, nem sequer noções interpretativas inovadoras. Não há uma grande personalidade a lançar a música contra os ouvintes. Acontece que o piano produz uma tonalidade narcoticamente bela; linhas solitárias ou a abertura de intervalos ganham uma aura luminosa. Há subtis sombras dinâmicas, uma lúcida voz interior, ritmos bem volteados e fraseados que cantam — e nada mais para além disso a não ser, estranhamente, a música em si mesma.
[tradução minha]
Uma das obras que mais cultivava era o Intermezzo op.117 de Brahms, muitas vezes oferecido como encore a terminar o concerto.
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