quarta-feira, 20 de abril de 2022

Radu Lupu, poeta do piano, supremo em Brahms.


Radu Lupu, pianista romeno entre os melhores de sempre da História da Música, era um personagem introvertido, de poucas palavras, modesto, quase severo. Nunca cultivou o estrelato, como Sokolov ou outros (e outras). E contudo, quando se sentava a tocar, o piano soava diferente, Brahms era outro Brahms, único, para escutar como pela primeira vez. 

Escrevia o N.Y. Times sobre um concerto em 1996:

"É difícil descrever exactamente o que acontece quando os dedos de Radu Lupu descem sobre o piano. Não há gestos espaventosos, nem proezas técnicas deslumbrantes, nem sequer noções interpretativas inovadoras. Não há uma grande personalidade a lançar a música contra os ouvintes. Acontece que o piano produz uma tonalidade narcoticamente bela; linhas solitárias ou a abertura de intervalos ganham uma aura luminosa. Há subtis sombras dinâmicas, uma lúcida voz interior, ritmos bem volteados e fraseados que cantam  — e nada mais para além disso a não ser, estranhamente, a música em si mesma.
                                                                                                            [tradução minha]

Uma das obras que mais cultivava era o Intermezzo op.117 de Brahms, muitas vezes oferecido como encore a terminar o concerto.


Foi com o op. 117 que encerrou o seu concerto de despedida.

Outra obra em que se excedia era a
(a partir de 7:34):

"Um La acima do Dó central soa diferente com Lupu. Brilha com uma luz interior."



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