domingo, 3 de março de 2024

Nova Iorque, 1998, estivémos lá e subimos às Torres.

- Este post tardou imenso, foram três semanas sem publicar. As fotos estavam em diapositivo (slide) e tive que as digitalizar e corrigir. Espero que valha a demora... -

Pouco antes antes da tragédia das torres do WTC, viajámos até Nova Iorque, numa Páscoa soalheira de 1998. As cerejeiras estavam em flor, e depois do chuveiro que nos recebeu no primeiro dia, o sol deu-nos uma luminosidade primaveril.

Assentámos na 8ª Avenida, hotel Milford Plaza, que era 'barato' para turistas tesos como nós, num prédio mastodonte muito alto e feio. Ouvia-se toda a noite o alarme aflito das ambulâncias, deviam ser centenas permanentemente, não sei se polícia também. Não se dorme sem janelas duplas.

  


A 8ª Avenida, fealdade novaiorquina.

Foi até certo ponto desanimador o primeiro dia. Para mais a grande diferença horária baralhava as horas de luz, de fome e de sono. Tínhamos marcado o Phantom of the Opera na Broadway, e quase o perdemos porque tínhamos adormecido... o que nos valeu é que era mesmo ali ao virar a esquina.

Uma superprodução de encher o olho, casa cheia (muitos asiáticos).

 

M.o.M.A.

Era o museu que ficava mais próximo, três esquinas só, decidimos ir ver especificamente certas obras, e obviamente, a maior preciosidade:

 

Mantive-me algum tempo a pasmar, depois voltei outra vez, mas não fica nada na memória, só valem aqueles momentos em que se está frente a frente com Van Gogh a tentar decifrar a poesia da imagem, a noite estrelada na Provença como nunca mais ninguém a viu. E esta foto é só minha.

Também gosto muito deste City Square, de Giacometti


 
Um holandês, um suíço, agora um austríaco - a Europa.

Oskar Schlemmer, 'Bauhaus Stairway' ,1932

Vimos também Monet, Cézanne, Pollock e o meu primeiro Rothko ! Há 25 anos... Na manhã seguinte iríamos passear.

Battery Park

Era Abril, as cerejeiras estavam floridas e o Battery Park cheio de luz e côr.



Mas a minha favorita é esta:

Bonita memória esta, não é ?

Brooklyn Bridge 

Fomos depois atravessar a ponte para ver a melhor perspectiva da frente fluvial. Tivemos sorte com o dia de sol glorioso.



Depois fomos a Brooklyn de Metro. Não gostei.
Mas iríamos voltar à ponte para a imperdível vista nocturna.

Museu Guggenheim


Incontornável, adjectivo já gasto, mas admirável.
 

Em 1998 decorria uma exposição sob arte chinesa, "China: 5,000 years". Não é o meu prato favorito, mas não tinha escolha.



Foi a primeira grande exposição dedicada à China, com as figuras em terracota
 

A colecção permanente não é nada que me agrade; lá está ainda assim 'Femme aux cheveux jaunes' de Picasso:

 
E aproveitámos para ir à cafetaria; é hábito nosso recorrer aos museus para não perder muito tempo (são self-service), aproveitar para um descanso antes da última volta,  e conseguir pequenas refeições económicas. Também fomos duas vezes a uma Deli na nossa rua, o 'America's Finest', mistura de mercearia, café, fast food, take-away... Nova Iorque é muito cara.

Greenwich Village e Blue Note

Durante uma primeira passeata em Greenwich Village, tínhamos andado por aqui e adquirido bilhetes para o único concerto durante a nossa estada.

Não me lembro que concerto era, mas pelas procuras que fiz é possível que tenha sido John Mellencamp, um guitarrista de country, ou a banda do guitarrista Mike Stern.

Um bom posto de observação do Homo Americanus Newyorkensis.


No dia seguinte acordámos mais cedo e, meio ensonados, fomos tentar subir ao observatório da Torre 2 do World Trade Center, que abria às 9.30 e depois a fila ia crescendo.

Uma das fotos que me dá mais gosto ver agora do que a vista naquela manhã.

Torres Gémeas do WTC

Só havia um terraço acessível para observação, na Torre Sul.


 
O primeiro elevador era grande e rápido, depois mudámos para atingir o 107º andar, com algum tempo de espera e um espaço mais apertado. A primeira impressão foi mais de vastidão enevoada que de altura.

 
 A visão era sempre empoeirada pela poluição.

Fiquei na dúvida se valeria voltar ao fim da tarde, mas o tempo não chegou. A melhor foto foi esta:

Dois anos depois as torres tinham deixado de existir, com quase 3000 pessoas, que não eram turistas. Deve ter sido o fim do sonho americano, e o de um século XXI melhor que o XX.

Na manhã do dia seguinte começámos por ir de ferry a Staten Island, outro must. Mas o tempo esteve enevoado e frio, foi um fiasco. Valeu a noite:

Brooklyn Bridge night 
 
Quisemos voltar para disfrutar a fama do lusco-fusco na frente fluvial, quando as luzes se acendem nas centenas de arranha-céus.

Outra foto de que tenho vaidade. Histórica...

Não esquecerá nunca.

National Museum of the American Indian


É um museu enorme, de entrada livre, com milhares de artefactos das várias populações indígenas americanas.


O que mais valeu foi a documentação na loja, de onde trouxemos alguns livros.


Vaso com tampa, Delaware

Saco de ombro ou tiracolo, Delaware

Washington Square, Greenwich Village


Era uma referência literária (Henry James) onde queríamos ir ; nesta altura já nos desenrascávamos melhor no Metro, e assim fomos. Para Henry James, viver na 'Row', a frente de casas victorianas do séc XIX , era o máximo do requinte.
 
 
 
Construídas em 1833 com tijolo vermelho e portais e escadaria em mármore, no coração de Greenwich Village. Hoje são apartamentos de interior modernizado, gozando de uma praça ajardinada à porta.


  
Demos depois uma passeata pelas ruas do Village.



Central Park

Ficou quase para o fim, mas ainda mereceu umas boas três horas. Chegámos ainda cedinho pela manhã.


Entrámos pelo 'Reservoir' junto à 89th, e fomos contornando pelo lado sul até ao Lago.
 

Era bem fria a manhã, mas as cores já eram quentes.


Estávamos a chegar à Bow Bridge, a fotogénica ponte em arco por onde nos deixámos ficar a gozar a Primavera.


A última etapa deixou-nos os pés martirizados, mas antes de sair não podia deixar de dizer olá aos "Strawberry Fields".


Ao Imagine também.


E saímos pelo lado poente.

South Street Seaport
 
Era um fim de tarde de domingo, um pouco húmido e frio, pouca gente por ali; é uma das zonas "históricas" de Nova Iorque, que data da efémera presença holandesa, centrada no porto de New Amsterdam, na actual Manhattan. O primeiro cais foi estabelecido em 1625, para a Companhia das Índias Ocidentais. Durou pouco, os ingleses vieram em 1664 e ocuparam toda a região holandesa. Há um Seaport Museum em Water Street, mas estava fechado.


Casa Georgiana em Water Street, uma das mais antigas da cidade.

No largo à entrada da Fulton Street foi implantado um farol, a prestar homenagem às vítimas do Titanic.


Fulton Street


O quarteirão de Pearl Street, Water Street e Fulton Street ainda mantém ruas 'europeias', parece mais que estamos em Londres ou Amsterdão. É um local único de lazer e História, com casas do séc. XVIII.

O Pier 16, onde nasceu o Seaport Museum, é onde estão atracados alguns dos navios do Museu, como os veleiros Ambrose e Pekin.


Sem dúvida uma das melhores vistas de Nova Iorque.

 

Não havendo concerto nem ópera na agenda, fomos até Lincoln Square só para disfrutar a praça e o ambiente em frente à sede da mítica New York Phil. Tivémos sorte: com vista para a fonte, finalmente conseguimos em Nova Iorque o primeiro café bem tirado, expresso, ao ar livre, e com licença para fumar ! (tudo isto acabaria poucos anos depois).

O Lounge Café do David Geffen Hall, ao lado do MET.

 

Despedida, fazer as malas e deitar cedo para apanhar o voo de regresso pela manhã.


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