A habitual selecção para as próximas semanas, a ver se lava a mente da sujeira que tem absorvido deste mundo.
The Glass Marker, Tracy Chevalier
Já me deu alguns dos melhores livros que já li: The Lady and the Unicorn, Girl with Pearl Earrings, Burning Bright, A Single Thread. Este passa-se em Veneza e Murano, e também é uma novela histórica ligada às artes - neste caso à arte dos vidreiros de Murano. Duas famílias de fabricantes, os Rosso e os Barovier, competem e colaboram para garantir o mercado mais importante - o alemão, com o grande entreposto junto a Rialto. Toda a narrativa segue a vida de Orsola Rosso desde a adolescência, e sucessivas Orsolas através dos séculos. Um grande fresco, com vívidas descrições como esta, em que Orsola Rosso e o irmão Giacomo, conduzidos pelo remador Bruno, se dirigem para a feitoria alemã.
"Seguiram pelo Grande Canal, tendo-se Bruno alinhado com
uma longa fila de barcos que deslizava em direcção ao pórtico. Embora já tivesse feito este caminho antes, mantinha-se em silêncio, suando enquanto manobrava para não abalroar o barco que o precedia, carregado de tapetes. Outros em volta transportavam seda, madeira, barris de vinho, especiarias; havia mesmo um carregadinho de limões. Enquanto esperavam para desembarcar, Orsola viu passar por eles uma peata que levava caixotes de madeira de Murano, como os que os Rosso utilizavam. Estavam marcados com letras, mas não conseguiu ler.
-"Moretti", esclareceu Giacomo ao dar conta da atenção intrigada da irmã. "O mercador deles deve ter inspeccionado os artigos de vidro e feito um inventório, e agora segue para São Marcos onde as caixas serão transferidas para navios que seguem primeiro para sul, depois para este ou oeste. A mesma coisa acontece com os nossos vidros."
Orsola nunca tinha pensado na viagem que os vidros faziam após partirem de Murano, embora uma vez ou outra tentasse imaginar onde iam parar: numa mesa posta em Londres, por exemplo, cada lugar com os seus cálices Rosso. "
La Rochelle
Thomas Brosset e Maggie Cole, ed. Le Croît Vif
Um relato bem documentado da Liga Hanseática : as suas várias cidades e entrepostos, as ligações entre eles, os negócios e as políticas, tudo para ressaltar a magnífica cidade de La Rochelle, entreposto francês importante pela produção de sal e vinho. Poucos sinais restam da Liga, mas toda cidade foi construída sobre essa herança.
Casa ao estilo hanseático, Place Verdun, La Rochelle.American Faith , poemas de Maya C. Popa
Sarabande Books
Já várias vezes aqui coloquei poemas de Maya C. Popa.
Hummingbird ( 'Beija Flor') , excerto traduzido
Alexander Grin, trad. Irina Lobatcheva e Vladislav Lobatchev
Já sei: se estou a ler historinhas para jovens adolescentes, está-se a agravar a minha senilidade. Acontece que nunca tinha lido Alexander Grin, não fez parte dos meus contos em criança; li Peter Pan, Alice, Irmãos Grimm, Andersen, Selma Lagerlof, depois C.S. Lewis, mas ninguém me falou de Alexander Grin. É um escritor russo do início do século XX de historinhas de ficção mágica, terras inventadas e narrativas heróico/românticas, digamos como a Narnia mas sem guerras. As Velas Escarlate (ou Velas Carmesim) é o conto mais famoso: muitíssimo bem escrito, com riqueza de detalhes e de peripécias, bem traduzido para inglês pelos irmãos Lobatchev.
CDsnarrado por Judi Dench
Não só é uma versão integral , como a narradora é Judi Dench, aquela voz inimitável de um sublime inglês teatral. Conta ainda com Kathleen Battle na 1ª fada, e a direcção de Seiji Ozawa. Para a versão apenas orquestral, há melhores escolhas, mas escutar esta dicção cativante e amável é uma experiência sem igual.
Mozart, sonatas para violinoAlina Ibragimova (vln) e Cédric Tiberghien (pn)
E deixo talvez o melhor para o fim:
Árias de TelemannDorothee Mields, com a L'Orfeo Barockorchester