domingo, 23 de novembro de 2025

Ilha de Victoria , na Passagem ártica do Noroeste: uma Cratera gigante e duas aldeias Inuit


Um território de tundra arenosa, semidesértico, com relevo baixo.

Esta área do Arquipélago Ártico do Canadá foi intensamente explorada por navegadores, caçadores e aventureiros no século XIX. Barrow, Cook, Franklin, Rae, McClure, Amundsen são apenas os mais famosos entre muitos outros; a Hudson's Bay Company alcançou estas terríveis latitudes, acima de 70° N, com entrepostos nas duas povoações da Ilha Victoria: Holman e Cambridge Bay.

A Passagem do Noroeste segue ao longo dos canais a sul da ilha.

A Ilha de Victoria, que é a segunda maior do Canadá e a oitava maior do planeta (maior que a Grã-Bretanha), ganhou maior protagonismo devido à importância estratégica da Passagem do Noroeste, a rota marítima ártica que atravessa o Arquipélago junto à ilha, justamente onde navegaram tantos exploradores e onde se desenrolaram naufrágios e as muitas tragédias que lhes seguiram. Mas ainda ganhou ainda mais por ser um local de treino para estadias em Marte ! É na área a Nordeste, em redor de Collinson Inlet,  que as condições do terreno são mais próximas das marcianas - arenosas, pedregosas e com penhascos.

A Cratera Tunnunik

Começou por ser chamada "Prince Albert crater", por estar na península com esse nome. Mas hoje em dia a "correcção" anti-colonial dita que de designem acidentes geográficos na língua dos nativos. O que cientistas descobriram foi uma estrutura geológica de padrão circular, com 25 km de diâmetro, onde se encontraram estuturas cónicas de material e estratos sedimentares com forte declive que apontam para o impacto de um meteoro, com alguns quilómetros de diâmetro.


O impacto do meteoro libertou uma fonte de água que jorrou à suerfície e ao long de milhares de anos escavou um Canyon.

Canyon de Tunnunik

A garganta cavada por um rio na tundra, mostra estratos sedimentares em declive acentuado. Essas camadas deformadas são a elevação central que resultou da recaída de material após o impacto do meteoro, há 350-400 milhões de anos.

Um dos cones de fractura (shattercones), típicos de crateras de impacto.

Paisagem extraterrestre ? Os futuros visitantes de Marte já treinam nesta região da Ilha Victoria

A cratera Tunnunik a noroeste, o rio Ekalluk no sul, junto a Cambridge Bay.

Descendo para sul, encontramos um rio que se tornou particularmente famoso pela riqueza em trutas árticas (salvelino); muitos pescadores aventureiros vão para Holman com o intuito da pesca no rio Kuujjua.

Nasce no centro da ilha e corre 350 km para oeste através da tundra, desaguando em Minto Inlet, uma entrada do Mar de Beaufort.

A tundra estéril à volta do rio Kuujjua.

Outro rio muito peocurado pela pesca mas de curtíssimo percurso é o rio Ekalluk.

Nasce do lago Ferguson (Tahiryuaq) , corre apenas 3.5 km até a Wellington Bay, pouco a Norte de Cambridge Bay.  Foi John Rae o primeiro homem que descobriu estas geografias.



John RaeRobert McClure e Roald Amundsen visitaram a Ilha Victoria. John Rae foi o primeiro explorador a subir o Monte Pelly, a norte de Cambridge Bay, quando procuava sinais do naufrágio dos navios de Franklin.

Monte Pelly, Cambridge Bay.

Num território tão grande como a Grã-Bretanha, é algo insólito haver apenas duas aldeias; mas estamos isolados no mar, e 160 km a Norte do Círculo Polar Ártico !

Holman  (Ulukhaktok)

População: 410 (cresce no Verão)
Coordenadas: 70° 44′ N, 117° 46′ W

O primeiro entreposto da Hudson's Bay Company foi estabelecido nesta área, em 1923, e mudado para Holman em 1939. Em 2006, o nome da aldeia foi mudado para o inuit 'Ulukhaktok'.

Holman é uma povoação arrumadinha, com uma frente de casas dispostas em arco ao longo de uma baía.


Igreja de madeira, anglicana, é da época da Hudson Bay Co.


Nesta aldeiazita ártica existe um centro de arte Inuit (gravura e escultura):


Mary Okheena

Mary Okheena

Helen Kalvak

Foi o nome de Helen Kalvak que foi atribuído à escola em Holman.

Em frente da escola há sempre um grande número de snowmobiles.

Alunos da escola numa saída de estudo, sob temperatura de congelar.

Lição de Geografia.


A outra povoação da grande ilha é mais caótica, mas também mais populosa e dinâmica:

Cambridge Bay  (Iqaluktuttiaq)

Para uma aldeia a quase 70º N, é maior do que seria de esperar.


Coordenadas69° 07′ N, 105° 03′ W
População: ~1800 (cresce no Verão)

Cambridge Bay é uma povoação Inuit na semi-desértica tundra ártica do sudeste da Ilha de Victória. É a última escala para navios de passageiros e de exploração científica no percurso da Passagem de Noroeste; por essa razão é de importância estratégica para o Canadá, uma base militar para o exercício da soberania nestas águas disputadas , que muitos querem ver declaradas "internacionais".

O nome inuit da aldeia é Iqaluktuttiaq, que significa "um bom sítio onde o peixe abunda".

A Hudson's Bay Company fundou aqui um entreposto em 1839.

Antigo posto da Hudson's Bay Company. Aqui nasceu Cambridge Bay.


Como centro regional, Cambridge Bay tem bastantes equipamentos e serviços : escola, centro de saúde, banco, ginásio com piscina coberta, alojamentos, polícia, a sede administrativa... e o aeroporto !

O terminal do aeroporto.

Escola Secundária Kiilinik 

A escola Kiilinik resulta de um projecto de arquitectura inteligente, adaptada ao local e ao clima, com grandes espaços interiores - hall, museu, biblioteca. Foi um marco na modernização da aldeia.



Biblioteca da escola

Artic Coast Visitors Centre, com informação sobre a região.

Mapa das viagens de exploração, em navios (vermelho) e a pé (preto) - as do orcadiano John Rae.

Os escritórios da Associação Inuit de Kitikmeot, outro edifício a marcar alguma diferença.

A relevância da aldeia nota-se em estruturas como o aeroporto ou este supermercado inuit COOP.

Há não um mas DOIS cafés em Cambridge Bay. Esdte Saxifrage leva o nome da mais famosa planta de flor ártica.


Aparentemente, a qualidade das casas é um pouco melhor, mas o clima nada mais ameno, entre -30 e +3ºC. Para servir as Escolas há um autocarro aquecido!

Paragem do autocarro escolar.

O North Warning System (NWS) e a operação Nanook

A soberania e a defesa deste território e sobretudo das águas nacionais Canadianas exerce-se com cada vez mais preocupação e intensidade. O sstema de radares do Ártico Canadiano já vem da 2ª Grande Guerra, mas tem sido modernizado e ampliado.


Por outro lado, as Forças Armadas do Canadá realizam exercícios de treino periodicamente, como este desembarque em Cambridge Bay, com o nome de código "Operação Nanook".


Os militares reunem sempre com a população nativa para explicar a operação e mater relações cordiais que possam motivar a mobilização.

Uma cerimónia Inuit - 'Qulliq' - com os convidados militares da Operação Nanook.

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