sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Dois Hai Kai do Mestre

Disseram-me algo
a tarde e a montanha.
Já não lembro mais.



Calam-se as cordas.
A música sabia
o que eu sinto
.

Jorge Luis Borges

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Meteoro a 20 de Novembro

Câmara filma queda de meteoro em Edmonton, Canadá:




Observam-se dois fenómenos porque o meteoro se partiu em dois; por triangulação espera-se encontrar o local de queda e vestígios do meteoro, provavelmente parte de um cometa ou asteróide.

Entretanto, chegam fotografias extraordinárias da Estação Espacial, onde a tripulação do Endeavour tem trabalhado.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ciclo "Árvores e Poesia" - VI


Der Lindenbaum
Wilhelm Müller, 1822 (1794-1827)

Am Brunnen vor dem Tore Da steht ein Lindenbaum
Ich träumt in seinem Schatten
So manchen süßen Traum
Ich schnitt in seine Rinde
So manches liebe Wort
Es zog in Freud und Leide
Zu ihm mich immer fort

Ich musst auch heute wandern
Vorbei in tiefer Nacht
Da hab ich noch im Dunkeln
Die Augen zugemacht
Und seine Zweige rauschten
Als riefen sie mir zu
Komm her zu mir Geselle
Hier find'st du deine Ruh

Die kalten Winde bliesen
Mir grad ins Angesicht
Der Hut flog mir vom Kopfe
Ich wendete mich nicht
Nun bin ich manche Stunde
Entfernt von jenem Ort
Und immer hör ich's rauschen
Du fändest Ruhe dort

A Tília

Junto à fonte, perto do arco,
Encontra-se uma tília.
Sonhei, na sua sombra,
Um sonho doce.
No seu tronco,
Escrevi palavras de amor.
Alegre ou triste,
Sempre fui arrastado até ela.

Também hoje lá passei,
Durante a noite,
E mesmo na escuridão
Cerraram-se-me os olhos.
Os seus ramos sussurravam,
Como se me chamassem:
Vem até mim, companheiro.
Aqui, encontras o teu sossego.

Os ventos sopravam,
Gelavam-me o rosto.
O meu chapéu voou
Mas eu não me voltei.
Já estou há algum tempo
Longe daquele lugar.
E ainda ouço um sussurro:
Lá encontrarias o teu sossego.

Schubert -- "der Lindenbaum"

Dietrich Fischer-Dieskau, baritone
Gerald Moore, piano
Filmed in London, May 14, 1959

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mural do Grande Hotel da Figueira

AS QUATRO ESTAÇÕES

Primavera

Verão

Outono


Inverno


Este mural, só conhecido de quem frequenta o Hotel, bem merecia mais divulgação.

José Antonio Molina Sánchez nasceu em Murcia, em 1918.

Tem obra exposta no

Museu de Arte Moderna de Lisboa.
Museu Machado de Castro de Coimbra.
Museu Soares de Reis do Porto.
Museu de Evora.

Além de pinturas murais, tem obra extensa em aguarela, guache, carvão e óleo.

sábado, 15 de novembro de 2008

A Memória do Elefante

Tantos anos que já lá vão...

Era uma vez um jornal alternativo de música com pressupostos contestatários entre o anarca e o maoísta...

Era uma vez um jornal BONITO, com uma paginação criativa, um sorriso permanente à esquerda e artigos entre o extra-erudito e o puro delírio, entre o ganzado e o surreal, entre a pateada forte e a aclamação entusiática...

Como é que coisa tão extravagante saiu em 1971/74 e morreu para sempre? Como se explica que nunca mais nada do género tenha surgido?

Tenho saudades da Memória do Elefante. Aquele esquerdismo cego mas generoso não faria sentido hoje, mas o essencial da coisa - gente que escrevia sobre música com paixão e séria ironia - seria benvindo no charco da crítica musical enfadonha e submissa que hoje temos.

A Memória do Elefante [Porto, nº 1, 1971- nº 13, 1974 (?)]

Jornal de Música Popular, Jazz, Rádio, com origem na cidade do Porto, saiu ente 1971 e 1974, com direcção de Joaquim Lobo, Editor Jorge de Morais, Relações Públicas João Afonso Almeida, Supervisão de Pedro Nunes, colaboração de António José Fonseca, Mário Gonçalves, Octávio da Fonseca e Silva, Jorge Lima Barreto, Pedro Proença, António Barredo Oliveira, Renato Silva, ...

"A Memória do Elefante tem sido e continua a ser por enquanto, um trabalho quase só de amadores não remunerados cuja acção procura concretizar um ideal de crítica. Estamos alheios aos jogos de interesses que orientam, subrepticiamente ou não, muitos representantes da nossa informação profissional (orgulhosamente). Os nossos redactores não têm obrigação de, como último recurso de incapacidade, encher umas quantas folhas de papel com as futilidades mais incríveis da vida mundana de personalidades pseudo-importantes do nosso putrefacto meio artístico, precisamente as personalidades «progressistas» (ah! ah!) que conduzem à recuperação da contra-cultura. A Memória do Elefante não é de, nem para escatófagos (...)"

[A Memória do Elefante, nº 11, Janeiro de 1974]

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

JÁ ESTAVA TUDO DITO no séc XVI





Recomendações dos Jesuítas para a boa qualidade do ensino:


Ratio Studiorum de 1586/B
Preservar a boa disposição dos professores

“Nada deve ser mais importante nem mais desejável (…) do que preservar a boa disposição dos professores (…). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (…).”
“Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações.”

Recomenda-se a todos os professores um dia de repouso semanal: “A solicitude por parte dos superiores anima muito os súbditos e reconforta-os no trabalho.” “Quando um professor desempenha o seu ministério com zelo e diligência, não seja esse o pretexto para o sobrecarregar ainda mais e o manter por mais tempo naquele encargo. De outro modo os professores começarão a desempenhar os seus deveres com mais indiferença e negligência, para que não lhes suceda o mesmo.

“Em meses alternados, pelo menos, o reitor deverá chamar os professores (…) e perguntar-lhes-á, com benevolência, se lhes falta alguma coisa, se algo os impede de avançar nos estudos e outras coisas do género. Isto se aplique não só com todos os professores em geral, nas reuniões habituais, mas também com cada um em particular, a fim de que o reitor possa dar-lhes mais livremente sinais da sua benevolência, e eles próprios possam confessar as suas necessidades, com maior liberdade e confiança.

Todas estas coisas concorrem grandemente para o amor e a união dos mestres com o seu superior. Além disso, o superior tem assim possibilidade de fazer com maior proveito algum reparo aos professores, se disso houver necessidade.”

Ratio Studiorum (1599)"I. 20.
Manter o entusiasmo dos professores

O reitor terá o cuidado de estimular o entusiasmo dos professores com diligência e com religiosa afeição. Evite que eles sejam demasiado sobrecarregados pelos trabalhos domésticos.

Ratio Studiorum da Companhia de Jesus (1599).
Regime escolar e curriculum de estudos.
Edição bilingue Latim-Português.
Introdução, versão e notas por Margarida Miranda.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Música intemporal

Händel divinamente interpretado

Do Palais des Beaux-Arts (Bruxelles), Magdalena Kozena canta "Dopo notte, atra e funesta" da ópera Ariodante de Händel com a Orchestra Barocca di Venezia conduzida por Andrea Marcon.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Porta


Dizem que hoje se abriu uma porta. Bem, fechar não fechou. Mas parece-me uma porta velhinha e gasta, talvez com tesouros escondidos, mais provavelmente com entulho na escuridão e alguns ratos.

Há expectativa, não esperança. Expectativa receosa. Segurança, nenhuma. Mudança, para onde? Luzinha ao fundo, quem dera.

Como em qualquer aventura. Vale a pena (etc etc) mesmo que seja um fiasco.