terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

A eternidade num fiorde - Maniitsoq

--- Outra vez na Gronelândia, pelo ar fresco e tudo o mais que me deslumbra nessa Thule ---

É Europa, politicamente, mas não pertence à nossa placa tectónica; mais certo é considerar a grande ilha como um continente, para proveito e regalo da Dinamarca que a governa desde 1814, sucedendo à Noruega.

Maniitsoq (anterior Sukkertoppen ) fica na costa oeste da Gronelândia, a olhar para terras do Canadá através do estreito de Davis; está situada entre as duas maiores cidades, Nuuk e Sisimiut, que contacta por mar ou por via aérea.


Coordenadas:  65°25′ N, 52°54′ W  [~ 120 Km a sul do Círculo Árctico] 
População:  ~ 2 800 

A localização não podia ser melhor, rodeada de montanhas, fiordes e glaciares e construída sobre um arquipélago costeiro.


O aglomerado das habituais casinhas multicolores espalha-se a subir uma encosta a partir do mar.


Pela abundância de água entre as ilhotas ligadas por pontes, era inevitável que ganhasse fama de Veneza do Ártico.


Em todos os ângulos de vista a água está presente.

Nos meses mais frios, esta é uma Veneza branca.


Como se foi construindo sobre o declive do terreno, só existem ruas no sentido habitual junto ao porto; os percursos entre casas e com a borda de água fazem-se por escadarias de madeira.




Vista do cimo :

São 229 degraus para trepar.

Com o nome Sukkertoppen, a cidade foi fundada em 1782 por colonos dinamarqueses; esse nome significa ' pão de açúcar´, sugerido pela montanha vizinha.

A Igreja colonial de 1874 é um dos edifícios mais antigos:

Bonita pia baptismal.


O Museu compõe-se de quatro casas, também do século XIX: a residência do administrador colonial e a do seu assistente, a oficina do tanoeiro, padaria, e armazéns de pesca e derivados . 


Estas quatro casas eram na altura o centro da povoação colonial, mas na década de 1970 foram deslocadas para permitir a instalação da fábrica de processamento de peixe. 

O edifício maior, com dois andares, é o que contém a colecção permanente, arte e artesanato de autores locais.


O Museu documenta o que foi o povoado desde a origem até ao fim do peíodo colonial.



A biblioteca oferece literatura sobre a natureza, a história e as lendas locais.


Eternity Fjord

Porque cresce o turismo aqui? Uma das razões são os fiordes e glaciares. O Fiorde da Eternidade é o maior da costa ocidental, com montanhas a chegar aos 2000 metros.

 



Para ski de aventura e kayaking, não deve haver melhor.

A cratera

Em Julho de 2012, foram descobertos indícios de uma imensa cratera, 55 km a sudeste de Maniitsoq. Os cientistas datam-na de há 3 000 milhões de anos; será a mais antiga e a maior do planeta. 


"Uma região circular com cerca de 100 km de extensão centrada a  65° 15′ N, 51° 50′ W (...) apresenta um conjunto de fenómenos geológicos muito invulgares criados durante um único evento com intenso esmagamento e aquecimento, incompatíveis com processos orogénicos da crusta terreste"


O granito deformado, após ter sido derretido e pulverisado, que se espalha por dezenas de quilómetros em torno de um pico, testemunha o súbito e violento impacto. Nenhum outro processo geológico explicaria a dimensão do fenómeno, segundo os defensores da hipótese da cratera, que classificam o Domínio Finnefjeld como 'rocha cataclástica´.

O Monte Finnefjeld (1050 m) será o núcleo esmagado do asteróide.

Há contudo bastante contestação a esta teoria nos meios científicos, que não terá conseguido evidências bastantes contra a explicação orogénica.

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Noites tranquilas em Maniitsoq.







1 comentário:

Fanático_Um disse...

Obrigado Mário, permite-nos sonhar com locais que nunca visitaremos, embora gostássemos...