Sonhar, talvez sonhar.
A enorme Escócia - um nunca mais acabar de lagos e fiordes e vales, centenas de ilhas, e umas quantas vilas costeiras irresistíveis - é, juntamente com Itália, a Europa de que mais gosto. Tem um dos seus recantos mais genuínos em Inveraray, no Loch Fyne. É como mergulhar num livro romântico, para fora deste mundo, irreal.
Vista do alto de Dùn na CuaicheNem falta o inevitável castelo de conto de fadas. Acho que este deve ser um bom refúgio quando se aproximar o fim do mundo; ao que dizem, está próximo.😄
Inveraray (gaélico: Inbhir Aora)
População: ~700
Coordenadas: 56°14′ N, 5°04′ W
O burgo foi criado por Jaime III em 1474, e subiu a Burgo Real em 1648 com Carlos I; mas a actual Inveraray foi planeada no século XVIII (1772-1800) pelos duques de Argyll, do aliás mal afamado Clã Campbell. Os arquitectos John Adam e Robert Mylne, contratados para traçar o novo espaço urbano, desenharam duas vias principais, paralelas à linha de água: The Avenue (um fiasco!) e Main Street, onde se alinha um luminoso casario branco, num estilo Georgiano elegante e bem proporcionado. A rematar, em ãngulo recto, uma frente para o lago que proporciona o perfil mais divulgado da vila.
Começo pela vista da frente para o lago.
The Inveraray Inn (antigo Argyll Hotel, de 1757), entre arcadas, é um dos prédios mais relevantes. À direita, a Bell Tower.
Front Street
'The Courtyard', Front Street,1757. Antes foi Alfândega, Tribunal, Escola e Prisão - era a Townhouse.
Avenue Screen Wall, 1788 - as portas de entrada com três arcos para a falhada 'Avenida' residencial, ao lado da pousada.
No alto da Main Street, de frente para o bulício comercial e para o lago, fica a Igreja paroquial de Inveraray, edifício neoclássico com elementos palladianos, de 1792.
O desenho original da igreja de Inveraray, previa dois locais de culto numa só igreja - um em inglês, outro em gaélico; para isso o espaço interior estava dividido a meio por uma parede, e as duas igrejas eram simetricamente opostas, cada uma com o seu pórtico de entrada.
As duas entradas só diferem em que no frontão de uma há um relógio, no da outra um sino.
Frente Norte com relógio.
Além disso, a igreja tinha uma torre espiral ao centro, sobre a parede divisória; em 1941, essa parede e a torre forma demolidas e o espaço interior único e mais amplo.
Arkland era a parte pobre da cidade planificada de Adams, por trás da Igreja, na South Main Street; 'land' é gaélico para 'propriedade'.
Bairro pobre, mais parecem casernas de um quartel, mas foi requalificado.
A (North) Main Street, frente à igreja, reúne o comércio e hotelaria e por isso é a rua mais animada de Inveraray.
Main Street desce da Igreja directamente para o lago Fyne.
O George Hotel (1779), do arquitecto Adams, Main Street East. A ilusão funciona: a pequena povoação quase parece uma cidade.
Inveraray centraliza comércio e serviços de uma vasta região.
Ao fundo de Main Street, no passeio do lago, encontra-se desde 1839 a Mercat Cross.
A rua principal vista a partir da Inveraray Cross, com a igreja paroquial ao fundo.
Esta cruz celta de 1300-1400 é um dos poucos vestígios históricos do burgo medieval; sinalizava o mercado, e pode ter sido trazida da vizinha Iona. Caso raro, está esculpida com hastes de videira entrelaçadas.
Front Street e Main Street vão terminar no Quay Close, o pátio do cais, lugar turístico onde se costumam juntar excursões.
A Pier Shop já foi edifíco de correios; e a casinha georgiana por trás é o restaurante Ban-Diùc (A Duquesa), de cerca de 1800 - uma fantasia do duque de Argyll.
Também não falta junto ao cais um museu marítimo: uma escuna e um pequeno cargueiro "puffer" (o mítico Eilean Eisdeal de 1856) que levava abastecimentos a partir de Glasgow ao longo do canal Forth and Clyde; neles se documenta o passado marítimo da Escócia.
A escuna "Arctic Penguin" e o cargueiro Eilean Eisdeal formam um pequeno museu.
Vamos até ao Castelo.
Inveraray Bridge, sobre a foz do rio Aray no Loch Fyne.
A ponte é de 1776 e atravessa os domínios do Castelo dos duques de Argyll. O orifício central destina-se a dar mais escoamento em caso de cheia.
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