domingo, 5 de junho de 2022

Quatro livros novos na cabeceira

De data recente, novos cá em casa, recebi alguns livros pelo correio com uma rapidez estonteante (alguns no dia seguinte!). 

Para o início do Verão:

Olga Tokarkzuc, Les Pérégrins ('Bieguni')


O título original é intraduzível, e o melhor seria deixá-lo ficar. A autora designa por Bieguni uma gente ficcional, nómada eslava, viajantes permanentes:
"Quem fizer uma pausa fica petrificado, quem parar fica alfinetado como um insecto, de coração atravessado por uma agulha de madeira, de mãos e pés furados e presos ao tecto e à soleira da porta... "
Os bárbaros não viajam, diz ela.

David Hockney, Spring cannot be cancelled

Um livro que vale tanto pelo entusiasmo da escrita como pelas ilustrações. Hockney foi à Normandia francesa pela arte - queria ver os Picasso do período rosa e azul e as tapeçarias de Paris, Angers e Bayeux – e pela natureza: viver entre as árvores em flor na Primavera, como Van Gogh as pintou. 


Nos seus 80s, Hockney escreve um hino à arte, à natureza e ao gosto de viver - isto em plena pandemia.

Anne Tyler, Redhead by the side of the road


Tyler escreve sobre o que vai na alma de um homem comum, o que lhe passa pela cabeça no dia a dia, e para protagonista escolhe um reparador de computadores nas suas deslocações.

Julia Kerninon, Liv Maria


Em criança, Liv Maria lia Jack London e Samuel Beckett. Depois virá Homero, Yeats, Faulkner, e virá um terrível trauma; e assim como Liv viajou pelas leituras, viaja então pelo mundo e por diferentes línguas, reinventando-se sempre, cada vez mais completa e liberta. Livro de protagonismo feminino total, escrita escorreita com algumas incoerências.

-------------------------------------------------------

Como é óbvio, não leio nada traduzido em português, com receio de acordês [mas já encomendei o 'Português de A a Z' de Marco Neves].

De momento continuo com Ryszard Kapuściński e Heródoto, um dos melhores relatos de Viagens que já li, pois viaja-se a dobrar: 'actualmente' com Kapuściński pelo mundo, e, conforme ele vai lendo Heródoto, simultaneamente faz-nos viajar com o grego por Halicarnasso, pela Pérsia de Dario desde a Persépolis até aos Citas, pela História da proto-Europa oriental. Não será uma obra prima, mas dá gosto ler.


Sem comentários: