domingo, 12 de março de 2023

B-MAD, Museu Art-Déco em Alcântara



Faltava-me este museu em Lisboa. Não preciso de dizer que o dono da colecção é uma pessoa que não me é nada simpática, um novo-rico oportunista e sem escrúpulos; não quero saber, são mais que muitos assim na nossa História, sem alguns desses não teriam sido criadas e mantidas algumas obras-primas. Interessa-me só o que foi criado e quem o criou.


A colecção está instalada no palacete do Marquês de Abrantes em Alcântara, que no século XX foi morada de António Flores e do seu amigo Egas Moniz, assíduo visitante. Agora restaurada por uma equipa de arquitectos, exibe uma colecção Art-Déco de mobília e peças utilitárias, joalharia, alguns quadros, mas sobretudo muitas esculturas crisoelefantinas, ou seja, na base de ouro ou bronze e marfim, que a escola Art-Déco foi buscar às esculturas das civilizações pré-cristãs em torno do Mar Egeu. 

A visita é guiada. Logo à entrada, uma bailarina que representa Isadora Duncan, atribuída ao escultor italiano Farpi Vignoli, de 1937.



Parece mesmo Chiparus. Mas, subindo aos andar de cima, a bela Tanara de Demétre Chiparus salta à vista como obra prima da colecção.

Tanara (Menina) , 1930

O romeno Demétre Chiparus (1886-1947) distinguiu-se em pequenas esculturas de bronze e marfim , na maioria de bailarinas exóticas, executadas no período entre-guerras.


Há um exemplar no Ermitage de S. Petersburgo; não consegui averiguar qual é cópia e qual é original.
 

Outra bailarina, esta oriental:

Pavel Tereszczuk, de Viena - Dançarina.

E mais em marfim, mármore e bronze:

Georges Gori, Dançarina, 1925

Paul Philippe, Dançarina do tamborete, 1925

Bruno Zach, Messilla Debonaire, ca.1920

E mudando de tema,

Detalhe de uma 'Mesa com Nenúfares', de Louis Majorelle

Pantera em ébano, de Georges Lavroff, talvez o modelo para a pantera de bronze mais conhecida.

Um belo portão de ferro de Paul Kiss está montado no espaço da exposição:


Belo efeito da obra de Paul Kiss (1886-1962) , artista romeno da arte do ferro forjado.


Um armário em nogueira com grelha de cobertura para radiador eléctrico, também de Paul Kiss.


O painel central é o ícone temático da colecção.


E alguns quadros menores, obra de Béla de Kristo (Béla Kristófy), 1920 - 2006, cubista húngaro amigo de Fernand Léger.

Há centenas à venda em leilões da net, nem são caras.

Móveis, candeeiros, cerâmica e joalharia não me interessam. Portanto , não é um grande, grande museu, nada de ir a correr; tem obras bem bonitas, contudo, para uma tarde de chuva e tédio. À saída, oferecem a degustação de uma taça de Quinta da Bacalhoa. Ah, estes privados, não conseguem deixar de pensar no negócio; se em vez disso tivessem as obras identificadas com autor, título e data, no mínimo... bastava uma etiqueta. Não: tudo em segredo, nada se sabe para não se poder avaliar exactamente... as informações que dei tive de as procurar em documentos na rede.


'Bora de volta para casa.

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