sexta-feira, 14 de julho de 2023

Ilya Gringolts em Espinho: um surpreendente Bruch para cordas e tímpanos


Como é hábito, fui ao Festival de Música FIME na esperança de assistir em Espinho ao que não tem havido no Porto: bons concertos. Ainda nem pus os pés na Casa da Música este ano.
 
O programa também não era 5 estrelas, mas Ilya Gringolts e a Camerata Bern são intérpretes de excepção, do melhor que se pode ouvir na Europa, e resolvi arriscar; além de obras do século XX, o programa incluía o concerto para violino de Bruch, que eu esperava ser algo fora do vulgar pelas mãos de Gringolts; a Camerata Bern já eu conheço pelas suas gravações.

A interpretação por uma orquestra de cordas foi executada com o arranjo de Bernard Rofe, australiano, que adicionou às cordas os tímpani de Pascal Viglino nos momentos de impacto dinâmico mais forte: bombástico ! Resultou numa interpretação única e inesquecível, que conseguiu ultrapassar a falta de dinâmica e riqueza tonal devido à ausência de sopros com um empenho intenso dos músicos e sobretudo a audição perfeita do violino, parte que é muitas vezes abafada por uma grande orquestra. Ovação quádrupla no fim.

Max Bruch, Violinkonzert Nr.1 op. 26 (arr. Bernard Rofe)
Camerata Bern
Ilya Gringolts, Violino e direcção

Outra obra de que gostei muito foi o Concertino para violino e orquestra de cordas Op. 42, de Mieczysław Weinberg, compositor polaco com uma obra imensa e muito criativa no início do século XX. 




Com a Australian Orchestra (pior que a Camerata Bern), fica aqui um curto excerto do 3º andamento do Bruch:


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Bom, outra coisa de que gosto em Espinho é de Espinho. Uma cidadezinha muito bem tratada, passeios e ruas - muitas delas arborizadas -  cuidados e bem planeados, comércio diverso como já não há no Porto - muitas lojas de utilidades e ferragens, pomares, atoalhados, lojas de marca na rua daquelas que só se encontram em centros comerciais, chocolatarias e confeitarias, restaurantes que não são tascos fast food para turista. Três ou quatro livrarias, incluindo uma grande Bertrand. E até peixeiras a vender em bancas de rua. Uma padaria famosa abre uma porta lateral a partir das 22h por onde vende o pão quentinho a sair do forno até às 23h - tem sempre fila !



Não sendo uma cidade bonita, conseguem-se encontrar muitas casas forradas de azulejo e com frontões esculpidos; isso e os arruamentos muito limpos e bem tratados, agradáveis de percorrer, justificam a minha simpatia pela cidade.


Não falta nada. 


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