Cingindo-me à Europa, das cidades que visitei há três que me deixaram a sensação de que poderia ser 'feliz' ali, feliz no sentido de uma vida urbana de qualidade - ambiente nas ruas, bem-estar geral, arquitectura e História, museus e concertos, espaços verdes e de lazer, riqueza da região envolvente, acessibilidade de combóio e aeroporto. Resumindo: civilização com alma e coração. São elas Roma, Oxford e Lucerne.
Roma
Entre as capitais (4.5 milhões de habitantes) nenhuma se lhe compara. É difícil encontrar um sítio feio e desagradável, a paisagem urbana é estimulante para qualquer lado que se olhe. Praças, pontes
Há a arquitectura da antiga Roma, há a arquitectura renascentista, dezenas de Museus, Palácios e Villas (a Borghese!), edificações históricas que não se esgotam numa vida inteira; e neste cosmos anda-se muito bem a pé pois tem uma dimensão humana, acolhedora e é quase toda plana; surgem inesperadamente ângulos nunca antes vistos, sítios onde apetece morar para sempre; a gastronomia, ah, é celestial.
Roma está rodeada de sítios belíssimos imperdíveis - Orvieto, Ostia Antica, Tivoli - e tem excelentes combóios rápidos para Florença, Bolonha ou mais longe. Os romanos não devem ter muita vontade de sair da sua cidade para qualquer outra.
- Contra: falta-lhe paisagem de mar, de rio ou de montanha, e não prima pela qualidade dos concertos e óperas, a temporada é fracota. Pode cansar pelas multidões vaticanas, restaurantes cheios e zonas de trânsito intenso.
Oxford
Só existe um grande Museu - o Ashmolean -, embora com belas obras e boas exposições; mas Londres está a um tirinho de combóio. Por outro lado, Oxford está rodeada desse paraíso na Terra que são os Cotswolds, região rural pejada de aldeias históricas preservadas e tranquilas. Não cansa, nunca. Nem falo já das lojas em High Street.
- Contra: Longo inverno chuvoso, e não tem mar. Ah, e tudo em libras...
Lucerne
A jóia do Lago é a mais concentrada capital cultural que conheço (a outra é Salzburgo). A sala de concertos do KKL é todo o ano um centro de música de primeiríssima escolha, as melhores orquestras, os melhores músicos, e está ali à mão junto ao lago, belíssima obra de arquitectura.
Nas ruas, praças e fontes de Lucerne, o ambiente suíço único.
Não tem nenhum grande museu, mas a Sammlung Rosengart, colecção privada, oferece Paul Klee (125 obras!), Calder, Braque, Chagal. Cézanne, Seurat, e até Renoir...
À volta da cidade, reina a paisagem do grande lago, embelezado com a famosa ponte medieval coberta, e onde se pode passear de barco.Mais longe - mas não muito - há a montanha, a Meiringen de Conan Doyle e os Alpes nevados. De combóio pode-se ir por toda a Suíça na melhor rede ferroviária do mundo - a menos de 1 hora estão cidades como Zurique, Basileia ou Berna com alguns dos melhores museus da Europa.
- Contra: muito, muito caro.
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Certamente que estive em muitas outras belas e estimulantes cidades: mas escolho estas três como as que mais me fascinaram e convidaram.
Mais perto, mais vale ficar no Porto. Tem, pelo menos, a mais bela frente marítima urbana da Europa. Nenhuma cidade tem um passeio à beira-mar que se compare à Foz.
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