🎄Uma prenda de Natal 🎄
Kinn e o penedo rachado Kinnaklova
A ilha de Kinn (øya Kinn) é um extremo ocidental da Noruega, a uma boa distância para poente da cidade de Florø - ou seja, mar adentro.
É uma ilha agreste, ventosa e fria no Atlântico Norte, longe da terra firme; seria de esperar alguma construção Viking, uma stavkirke, mas não uma igreja medieval do século XII, em pedra e com torre sineira separada. É espantosa, mesmo agora depois do restauro: a Igreja de Santa Sunniva.
A Igreja de Sta. Sunniva em Kinn
É uma igreja românica de Kinn da segunda metade do século XII. Está construída com uma pedra calcária especial da ilha de Skorpa, um pouco a
nordeste.
Está situada no sopé de um pico íngreme - Kinnafjellet -, um rochedo de 300 m de altura . Em frente fica Kinnaklova, outro rochedo de perfil único, com uma fenda, visível a grande distância ao longo da costa e que por isso servia de guia aos marinheiros
No interior abundam madeiras em talha. O lectorium ( 'jubé' ou tribuna) é uma estrutura em madeira ou em pedra que separa a
nave do altar-mor, encimada por uma galeria onde se faziam as leituras
dos livros, antes de aparecerem os púlpitos. É mais comum em igrejas do
Norte da Europa.
O lectorium é a parte mais antiga, talvez de pouco após 1100, e os baixo-relevos em madeira foram esculpidos em Bergen ao tempo do rei Håkon Håkonsson.
O campanário, de 1912, está afastado, assente sobre uma dupla arcada de pedra que conduz ao cemitério:
Há pouco tempo o conjunto foi sujeito a uma renovação exterior e interior, perdeu a 'patine' e mais parece obra feita de novo a imitar antigo.
Tinta preta e branca encobre a pedra e a madeira.
Kinn foi sítio de abrigo e assentamento para eremitas cristãos que nos séculos IX e X vagueavam em missão por vastos territórios. Esta ilha e a de Selja, onde há um mosteiro beneditino medieval, devem ter feito parte dos locais frequentados por eremitas das Igrejas Celtas irlandesa e britânica.
Um relato nórdico da vida de Sto. Albano, do séc. XII, criou uma lenda, a lenda de Santa Sunniva.
Sunniva era filha de um rei celta cristão da Irlanda, ainda antes do ano 1000. O reino tinha grandes dificuldades em defender-se dos ataques Vikings, e quando foi invadido e sujeitado era de esperar que a filha do rei fosse obrigada a casar com o chefe dos pagãos. Horrorizada com essa perspectiva, Sunniva fugiu com as duas irmãs, o irmão (viria a ser Sto, Albano) e alguns súbditos, e atravessaram o mar sem saber onde iriam aportar. Arrearam as velas e largaram os remos para deixar o seu destino em mãos divinas. E assim foram parar às llhas Kinn e Selja, ao largo da costa norueguesa, onde seriam mortos numa gruta que colapsou quando se escondiam dos noruegueses.
Os restos mortais foram encontrados em 996 na ilha de Selja, onde por volta de 1100 o rei Olav Tryggvason, que converteu o país ao cristianismo, mandou construir o mosteiro dedicado ao inglês Sto. Albano, e mais tarde em Kinn a igreja de Sta. Sunniva.
A Ilha de Kinn
O acesso à ilha faz-se por um cais no lado nascente, onde o barco local aporta com os poucos habitantes, visitantes, e os muitos peregrinos durante as festas anuais a Sta. Sunniva. Que a Noruega também tem lugar de peregrinação !
Junto ao cais há um alojamento e uma galeria de arte.
Dois caminhos dão a volta à ilha para aceder a pé ao local da igreja.
Espero que tenham gostado. Boas festas !
Sem comentários:
Enviar um comentário