sábado, 20 de julho de 2024

Leituras para este Verão


Fui juntando uma colecção de livros sobre viagens, ou sobre aventuras pessoais, que tenciono ler até Outubro.

In Wonderland, Knut Hamsun

Estou a acabar este relato do norueguês Knut Hamsun da sua viagem à Rússia e à Geórgia, com a clássica travessia do Cáucaso pelo Passe (ou garganta) de Darial, a Porta Caucasica referida por Strabo, sob as alturas do Kazbek (5000 m):

'O declive da estrada aumenta, as montanhas cada vez mais se fecham e nos apertam, como se já não houvesse esperança; apenas um pedaço do céu é visível acima de nossas cabeças. Tem um efeito desanimador sobre nós; sentimo-nos esmagados, ficamos em silêncio. De repente, numa curva acentuada da estrada, um enorme abismo abre-se à nossa direita, e bem perto de nós vemos o pico coberto de gelo do Monte Kazbek, com os seus glaciares brancos cintilando ao sol. Está mesmo ali ao lado, plácido e alto, mudo. Um sentimento misterioso percorre-nos - a falésia eleva-se entre muitas outras menos altas, como se conjurada por elas. Sentimos que um ser de outro mundo estava a olhar para nós.'

Climbing Days, Dorothy Pilley

Estes dias de escalada tiveram lugar entre 1910 e 1928. Dorothy Pilley foi a primeira mulher alpinista que dedicou a vida a escalar montanhas, subiu aos Alpes e ao Himalaia.

'Os vales estavam a mergulhar na escuridão à medida que descíamos sobre as neves encharcadas do glaciar. Já não tínhamos pressa. Tínhamos apenas que caminhar, descontraidos, para casa descansar. Só então a fadiga se abateu sobre mim - como um gorro negro, de tal modo que tropecei no gelo granulado recongelado do glaciar seco, e ao longo das moreias emaranhadas por onde a trilha serpenteia até Bricolla. Mas uma corrente de sonolenta beatitude corria nas nossas veias. Uma maldição fora exorcizado, um sonho substituído por uma realidade que o transcendia. Com toda a força literal da palavra estávamos contentes. Mais uma vez, quando me deitei na cama, a vela continuou acesa, extinguiu-se sem eu dar conta, e assim de repente desceu um sono feliz.'

Notes from an Island, Tove Jansson & Tuulikki Pietilä

Diário da residência de maturidade na minúscula ilha de Klovharun do golfo da Finlândia. As duas autoras (uma escreve, a outra executa gravuras com tinta-da-china e aguarela) publicaram esta memória em homenagem à ilha que conheceram ao mínimo detalhe, intensamente, ao longo das estações.

'Tínhamos de tudo, ainda que em miniatura – uma pequena floresta com caminho de mata, uma praiazinha com abrigo seguro para o barco, até um pequeno pântano com alguns tufos de erva-algodão.'

ou

' Estávamos em Março - Inverno tardio, início da Primavera. (...) O mar estava branco de cal em todas as direcções, tanto quanto a vista alcançava. Só então notámos o absoluto silêncio. E que falávamos a sussurrar.'

Travelling Light , Tove Johnson 


The Ministry of Time, Kaliane Bradley


Muito elogiado pelo The Guardian - "a novel where things happen, lots of them, and all of them are exciting to read about and interesting to think about " - é um livro de ficção científica (viaja-se no tempo) que ao mesmo tempo reflecte seriamente sobre quase tudo, desde a crise climática ao 11 de Setembro passando pela corrupção e a história romântica de um ressuscitado da trágica expedição de Franklin ao Ártico. Estou altamente expectante.




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