Pequenos vasos Gregos do Museu de Batumi
Lazica, na costa leste do Mar Negro, foi o limite máximo do Império Romano a Oriente - a fronteira Pontus Limes. Antes também os Gregos tinham lá fundado colónias, na região a que chamaram Kolchis, a Cólquida para onde navegaram os Argonautas em 1300 A.C. .
Os principais sítios arqueológicos foram a colónia grega de Pichvnari, a fortaleza Romana/Bizantina de Apsarus - mais tarde Gonio, na Lazica - e ainda o forte de Petra nas falésias costeiras de Tsikhisdziri, todos na província de Adjara na Geórgia.
De tudo isto nos fala o Museu Arqueológico de Batumi, o histórico porto da Geórgia, cidade magnífica, visitada e apreciada por Steinbeck, Dumas, Simenon, Hamsun.
Museu Arqueológico de Batumi
Em poucos anos (abriu em 1994) este Museu tornou-se uma referência na Geórgia, devido aos achados em escavações na região de Adjara. A estrela da colecção Grega são pequenas ânforas (amphoriskos) para óleo encontradas na necrópolis de Pichvnari.
Aryballos em cerâmica polícroma, datado do séc. V A.C.; são belíssimas obras da cerâmica Cólquida (do grego Kolkhós, Kolkhis).
Aryballos era um pequeno vaso para óleo perfumado utilizado sobretudo pelos atletas gregos, que o traziam pendurado no cinto para limparem o suor durante as provas.
Um vaso para perfume.
Oinochoe, jarro para vinho.
Skyphos, uma taça alta de vinho com duas pegas.
Kylix, taça com pegas horizontais
Verdadeiras preciosidades.
Anel oval com Afrodite, entalhado a ouro, séc. V AC.
Os Gregos conheciam esta colónia como Colchis (Cólquida), o destino dos Argonautas, pátria de Medeia, onde estaria escondido o Tosão de Ouro. Era rica, diziam, em ouro, ferro, madeira e mel, produtos exportados para as cidades helenísticas. No século II D.C. a Cólquida foi integrada no Império Romano.
Pitchvnari era uma cidade importante do 1º milénio A.C. , mas já habitada na Idade de Bronze; a sua necrópole helénica dos séculos V-IV foi objecto de escavações arqueológicas intensas, em colaboração com a Universidade de Oxford.
Fortaleza de Gonio - Apsaros
A muralha encontra-se bem conservada.
Doze quilómetros a sul de Batumi, Gonio / Apsaros é uma fortificação Romana do primeiro século da nossa era. Deve ter sido fundada por Pompeu em 65 AC, sendo referida anos depois por Plínio; no século II, ganhou importância relevante - 5 coortes (metade de uma legião), 2500 homens, tinha Teatro e Hipódromo, e uma muralha vigiada por 18 torres. Tornou-se 'capital' da Lazica, foi visitada por um enviado de Adriano em 123-124, que a inspeccionou e modernizou, numa viagem destinada a promover o bom relacionamento das tropas com os povos locais.
O nome Apsaros, helénico-romano, vem da história dos Argonautas em Colchis - Apsyrtus era o irmão de Medeia. O nome Gonio é mais tardio, do século VI-VII, quando a cidadela esteve sob breve domínio Genovês , sendo depois integrada no Império do Oriente até ao fim da era Bizantina. Ao domínio Turco seguiu-se um tratado que atribuiu toda a Adjara ao Império Russo.
Disco em ouro com pedras de granada, âmbar e turquesa, representando uma cena de luta entre animais. [Tesouro de Gonio, séc I-II]
A medalha fazia parte do conteúdo de um embrulho que os arqueólogos desenterraram em 1974, conhecido como o Tesouro de Gonio, que data de I a III DC.
A abundância de ouro na Lazica é em evidente.
Este Phiale pertence também ao tesouro, que está exposto no Museu de Batumi.
Não falta cerâmica, claro, q.b. de ânforas. Este Museu Arqueolõgico é imperdível, para quem tiver a sorte de poder visitar Batumi.
Desde Olisippo ou Conínbriga até Gonio , a vastidão do Império Romano é fenomenal, até causa vertigens. Como é que uma cidade tão "pequena" (1 milhão de hab.) dominou uma extensão de território leste-oeste que ultrapassa 5 000 km?!
---------------------------------------
Em breve iremos visitar, aqui no Livro de Areia, a cidade de Batumi, onde se presta homenagem à Europa, desde a Medeia dos Argonautas até à Arte Nova do início do século XX, passando pela Bolonha Renascentista.
Sem comentários:
Enviar um comentário