Mozart e Brahms por Sequeira Costa e a ONP dirigidos por Christoph König, hoje, 23-05-2009.
Raros, momentos de tão intensa musicalidade. Foi um deslumbre para os ouvidos o que se passou nesta noite memorável na Casa da Música. Já o concerto para piano nº 9 , Jeune Homme, de Mozart, esteve proximo da perfeição - nem sequer é habitual este reportório em Sequeira Costa. A conjunção com a ONP era quase miraculosa - König mostra bom trabalho e sabedoria - e Costa desempenhou na perfeição, tão mais contagiante que cheguei a vê-lo - juro - a dançar com a cabeça, sorrindo.
Mas o verdadeiro assombro veio com o nº2 . op.83, de Brahms. Mille millions de mille sabords, diria Haddock, eu não estava à espera disto. A orquestra tocou divinamente - o andante foi do outro mundo! e que violoncelo! - sopros magníficos, entradas muito precisas e belíssimas, - mas o piano de Sequeira Costa estava naqueles dias em que tudo sai bem. O pianíssimo do andante foi dos melhores momentos da minha vida de ouvinte clássico.
Claro que há aqui uma parcialidade minha: eu acho que este concerto de Brahms é não só a melhor obra para piano e orquestra jamais escrita, uma das 10 obras primas imprescindíveis para a ilha deserta, uma das 20 obras primas da humanidade. De uma dimensão e complexidade que exige habituação, de uma intensidade dramática que vai aos dois extremos fortissimo e pianissimo em transições de luminosa beleza, de melodias, harmonias e ritmos surpreendentes, inacreditáveis, de estranhas interpenetrações do piano com a orquestra , de instantes mágicos e sublimes como aquelas quase gotinhas de água, apenas afloradas ao piano, no momento mais belo do andante - este concerto é puro êxtase dos sentidos.
Obrigado, ONP e König ! Obrigado, Sequeira Costa! Parabéns, many happy returns!
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