Falo da recente gravação de Quadros de uma Exposição, de Musssorgsky, com Jon van Immerseel à frente da orquestra Anima Eterna de Bruges, segundo o arranjo orquestral de Ravel (1922).
Convém lembrar que von Immerseel, herói da interpretação autêntica (histórica) da música pré-romântica para muitos melómanos, era um radical da contenção e do detalhe, dos instrumentos antigos muitas vezes pífios, constantemente em audição no programa "Em Órbita" (o saudoso Em Órbita !) da Antena 2 aqui há poucos anos. Quase nunca gostava das gravações da Anima Eterna, exceptuando as sinfonias de Schubert, que já anunciavam isto que agora explodiu: os Quadros de uma Exposição mais espantosos de sempre !
Não é das minhas obras favoritas, na verdade; e costumo até apreciar melhor a versão original no piano. Vladimir Ashkenazy tem uma interpretação soberba. Mas reconheço que esta audição é entusiástica e reveladora, não se pode ficar indiferente sentado no sofá - há que saltar e gesticular.
A dinâmica da orquestra é fenomenal, mas não menos fenomenal é a célebre atenção ao detalhe do mestre holandês, a doçura do fraseado nas cordas, a enfática delicadeza nas madeiras.
Grande Porta Bogatyr de Kiev.
Mas onde é que a pequena, delicada, quase insípida, Anima Eterna, foi buscar este vigor portentoso ?
Um breve "cheirinho":
1 comentário:
Também não é das minhas preferidas embora majestosa e vibrante. Obrigada pela dica. Bom fim de semana.
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