Vou evitar lamentos e queixas da programação da CdM para 2017, não vale a pena e já cansa. As opções habituais mantêm-se, sem a mínima novidade, a pobreza é confrangedora, ponto final.
Pelos vistos o público aderiu em massa às assinaturas, pois muitos concertos estão à beira de esgotados, sobrando só os cantos da sala. É bom, isso, muito bom, só que o que se vê depois são enormes clareiras na sala de gente que afinal tem bilhete mas não aparece. Devia, de facto, haver um sistema eficaz de devoluções com venda a preço reduzido.
O ano supostamente 'inglês' tem muitíssimo pouco, e fraco, de inglês. Ponto alto seria a vinda de Nicholas McGegan em Novembro, se o programa (sinfonias irrelevantes de Haydn - a 89 - e Mozart - a 25-) fosse outro.
A temporada barroca quase não conta com ninguém de jeito a não ser a prata da casa. Quase, porque vem Rachel Plodger, a violinista barroca, que também irá dirigir a orquestra. De resto, Sokolov, sua Excelência, naturalmente; e o virtuoso oboísta Martin Gabriel.
Vão ser executadas as quatro sinfonias de Brahms (mas o ano não é inglês !? ), e uma ou outra poderão valer a pena: Joseph Swensen, Leopold Hager talvez. Tudo o que for dirigido pelo titular Baldur Brönnimann é concerto estragado, o senhor não tem qualquer entusiasmo em dirigir, parece mais um autómato alimentado a lítio e berílio. Um tarefeiro seco, frio, inerte.
------------------
Vamos então aos destaques. Os meus destaques, claro.
- Sokolov, o grande, vem dar a récita anual da sua tournée habitual que também passa na Gulbenkian. É a 25 de Abril e vai ter Mozart, bless him.
- Rachel Plodger vem dirigir a orquestra barroca da Casa a 8 de Janeiro em obras para violino: Handel (HWV313), Vivaldi (RV204,198a), Purcell (música de cena), Bach (BWV1041). Promete !
- Falando ainda de violino, Frank Peter Zimmermann vem interpretar o op.61 de Beethoven a 27 de Maio, dirige Leopold Hager. Um grande talvez, ouçamos um chisquinho de Zimmerman em Brahms:
- Um belo concerto parece expectável a 19 de Maio. Leopold Hager, de novo, vai dirigir o K 314 para oboé de Mozart com Martin Gabriel, o famoso oboísta da Filarmónica de Viena; e ainda a 8ª de Beethoven, pouco ouvida.
- Das sinfonias de Brahms, o melhor programa é o de Olari Elts, que a 2 de Junho dirige a 3ª, completando com a 3ª de Schubert e a abertura Leonora nº 3. Numerologia ?
- Uma incógnita tentadora é a Sinfonia Alpina de Strauss, obra megalómana, de grande dimensão orquestral e difícil, que Michael Sanderling dirige a 20 de Outubro, com a orquestra da casa. Vai ter de ser muito, muito bem ensaiada. Se não acontecer um desastre já me dou por feliz.
- Finalmente, Leopold Hager volta para o Requiem de Mozart a 4 de Novembro
Há ainda o programa não-clássico - jazz e outros. Vou só salientar a muito apreciada Stanley Clarke Band a 3 de Maio.
Sem comentários:
Enviar um comentário