Se Oxford é (alegadamente...) a melhor Universidade do mundo, e o
Merton College é o melhor de Oxford, este é então o
top of the tops do ensino universitário no planeta.
Nasceu em 1264. A Universidade de Lisboa / Coimbra seria em (1290) / 1537.
A parte mais nobre e antiga do colégio: o Hall, à esquerda; os aposentos por cima do arco eram destinados a hóspedes convidados; o grande janelão arredondado em múltiplos painéis do 1º andar é de uma sala de conferências, também chamada "sala do tradutor" (translator's room).
Sempre entre os três melhores, muitas vezes no topo, o
Merton College é (alegadamente, de novo) o mais antigo (1264) da cidade universitária. Nota-se nas paredes, gastas e encardidas, nos telhados, a precisar de restauro, nos interiores austeros. Consta também que aqui se trabalha mais e se brinca menos; noutros colégios vi os relvados cheios de alunos com livros com auriculares, portáteis e telemóveis, em grupos com ar de quem está divertido mesmo a estudar:
'Quad' relvado do Brasenose College
Mas no
Merton, imagino os alunos todos nos gabinetes de cursos, em geral pouco numerosos, a ser 'torturados' por docentes severos e exigentes. Ou não - os cursos são mais à base de debates e apresentações em gabinete, assim o
Merton produziu gente como Tolkien e T.S Eliot (professor de literatura inglesa entre 1945 e 59), vários prémio Nobel (Física, Química, Medicina. Literatura), o matemático Andrew Wiles que conseguiu provar o último Teorema de Fermat. O aluno famoso mais antigo foi
William of Ockham (Guilherme de Ockham, o da navalha), grande pensador e teólogo medieval.
Plano de Merton College (parte velha).
A Merton Street é uma rua estreita, pedonal e calçada a pedra.
O portal de entrada ("Lodge gatehouse") é do séc. XV; reinava Henrique V, que legislou permitindo a construção da torre que controla o acesso.
Nem todas estas fotos são minhas - havia zonas de acesso interdito ao público. Mesmo assim foi um gosto intenso conseguir, pela primeira vez, palmilhar esta jóia da História.
O pátio de entrada ('Front Quad'), irregular, sem jardim, ainda não obedece ao modelo rectangular que viria a ser regra.
O
Merton College foi desde início totalmente autónomo dentro da Universidade, concebido como uma comunidade que trabalha para realizações académicas mais do que um local de alojamento de estudantes. Fundado em 1264 por Walter de Merton,
Chancellor de Inglaterra, mais tarde bispo de Rochester, começou por admitir apenas 20 alunos (
fellows).
Entrada para o moderno auditório T. S. Eliot, no Front Quad. Janelas múltiplas, gradeadas e divididas por mainéis em pedra, são norma em todos os edifícios.
O
Salão (
Hall) e a
Capela foram completados ainda no séc. XIII. A seguir, o
Mob Quad, o quadrãngulo mais antigo, foi terminado em 1378, mas a Biblioteca já estava pronta em 1373.
A Capela
A grande janela do lado nascente, c. 1295, com armas de Henrique III, um belo trabalho do gótico inglês.
Os trabalhos de construção da capela começaram em 1280. A dimensão generosa do coro mostra que havia uma previsão de crescimento a longo prazo.
A janela de nascente vista de dentro.
Há sete pares de janelas laterais, a maioria com os vitrais de origem, entre 1289 e 1296, a que se foram adicionando outros até ao séc. XV.
.
Vitrais dos séc. XIII e XIV.
Fellow's Quad, o pátio mais nobre.
Em frente, o 'Dining Hall'.
O 'Hall' foi o primeiro edifício do colégio a ser construído, era lá que decorriam as aulas e as refeições (como actualmente). Muitas vezes reconstruído, resta pouco do original.
Translator's Room ou JCR (Junior College Room), uma das salas mais antigas.
Mob quad
O
mob quad talvez seja o mais antigo quadrângulo de Oxford, que modelou os seguintes. Era onde se alojavam os estudantes juniores, mais instáveis (
mobile vulgus - mob).
Dele faz parte a antiga biblioteca e os arquivos, o coração do colégio durante 600 anos.
A Biblioteca do Mob ocupa duas frentes em esquina do primeiro andar no mob quad. A antiguidade do edifício é bem visível.
A Biblioteca antiga do Merton College -
mob library, upper library.
É a mais antiga biblioteca académica do mundo em funcionamento desde a fundação.
A Biblioteca não é muito grande nem imponente - os recursos financeiros eram limitados - mas é íntima e preciosa; instalada em 1373, tem mais de 300 manuscritos medievais.
Os vitrais são uma das maiores riquezas decorativas.
Sala original dos arquivos.
Metafísica de Aristóteles comentada por Averroes (Ibn Rushd). Pertenceu a Richard de Cleanger, 'Fellow' de Merton, 1331.
Os vitrais da biblioteca:
http://www.cvma.ac.uk/jsp/search.do?&sortField=WINDOW_NO&sortDirection=ASC&nextPage=1&rowsPerPage=20
Neogótico vitoriano: St. Albans Quad e os jardins.
Inevitavelmente, cricket.
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https://www.merton.ox.ac.uk/
https://readtiger.com/wkp/en/Merton_College,_Oxford
Tenho uma certa nostalgia, é verdade, de não ter tido uma vida universitária particularmente gloriosa ou excitante, nem do ponto de vista do ensino, nem no ambiente académico e boémio. Foi tudo um bocado anémico, num país que só há poucos anos vem saindo de uma longa anemia sistémica. Era a mim que cabia a decisão de procurar noutro lado, bem sei, mas acomodei-me. Bem feito, portanto.