quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Memórias da 'outra senhora': os mini-atlas das agendas de bolso


Lembro-me como adorava estudar e folhear os pequenos atlas coloridos que vinham inseridos nas agendas de bolso, no tempo da ditadura, anos 60-70. Claro que incluíam as colónias,  propaganda obrigava. Mas à falta de melhor - eu não tinha melhor, não havia globos terrestres como agora à venda em toda a parte a preço acessível, e os atlas grandes, em livro, eram caríssimos - esses mini-atlas eram uma maneira de escapar virtualmente para longe. Todos aqueles países nórdicos totalmente desconhecidos, os antípodas Austrália e Nova Zelândia, o enorme Canadá cheio de mistérios.

Mas os mapas, bonitos que parecessem, eram fartos em erros.

Arouca, entre Viseu e Vila Real ? que anedota.

Páginas de glória do regime, tanto detalhe.

Erros grosseiros, veja-se a localização de Viena e Graz, por exemplo, ou Glasgow; Gibraltar em África, Sarajevo única cidade da Jugoslávia, gralhas como Stornawsy. Mesmo assim...
Incompetente regime! Nao só Pequim não existe, como nem sequer destacam Macau, muito miudinho, ah ah!

 Outra versão, desdobrável, mostrava melhor as estradas e errava menos.


Havia também as tabelas de conversão - milhas, pés, polegadas, jardas, almudes e muitas outras, para o sistema centesimal; tabelas de sinais de navegação e de sinais de trânsito! quantas utilidades...



Esta era a Hippocampus, editada pela Araújo e Sobrinhos (1964).

Não tenho saudades, longe disso; mas há uma nostalgia das coisas que não tem nada a ver com o regime.


1 comentário:

Fanático_Um disse...

Lembro-me muito bem, Mário e os mapas eram o que mais me atraía. Vivia eu em Angola nesses tempos e fascinava-me a Europa em particular, que esperava vir a conhecer. Nesses tempos era um sonho de adolescente mas que, felizmente, se veio a concretizar. Ainda hoje não dispenso uma agenda de bolso, não consigo planear a minha (agitada) vida pessoal sem ela, os telemóveis ou similares não me seduzem para isso. Confesso que tenho saudades dos mapas nas agendas, mesmo com erros... Nos últimos anos rendi-me às Moleskine, muito melhores, mas não são a mesma coisa. São, apenas, agendas!