sexta-feira, 17 de abril de 2020

Glicínias em festa e nós em luto


A nossa retirada das ruas trouxe muita cantoria de pássaros, é verdade, esta Primavera desastrosa conta pelo menos um ponto a favor. Podia dizer que não há ninguém para os ovir, mas não é verdade - não só os ouço da janela e da varanda, como os ouço durante o 'passeio higiénico' que as autoridades virais (eh eh) autorizam. Melros, então, é uma festa.

Já o mesmo se não pode dizer das flores. Estão todas a abrir, promete ser uma primavera colorida e perfumada, mas sem poder visitar parques e jardins é uma tristeza. Ora acontece que o Parque da Cidade tem estado aberto pela porta das traseiras, que nem toda a população conhece; dá acesso à mercearia Seramota, que já aqui mostrei, e daí acesso a todo o Parque.

Consegui assim visitar o cantinho das glicínias, mesmo 'vedado' com fita para evitar abusos. Ficam aqui fotos a ver se alegram um bocadinho esta recta final do confinamento, pois parece que vamos passar ao estado todos-na-rua-de-máscara. E todos-separados-por-dois-metros. E nada de festivais, futebol, bares nocturnos e são-joões. Que é o estado que devia ter vigorado desde início.

Valham-nos as glicínias, mesmo que vindas da China.




Sua excelência o gato do parque, indiferente a pandemias, satisfeito no seu trono olhando um reino agora vazio de gente.




4 comentários:

SilverTree disse...

Vivam as glicínias! Obrigada por isto, tenho tantas saudades de flores...

Mário R. Gonçalves disse...

Descobrir sentimentos desses... sempre há efeitos secundários benéficos !

Fanático_Um disse...

Aqui por Lisboa, onde os jardins e parques andam habitualmente muito descuidados (para não ser mais cáustico), é o cantar das aves que mais impressiona nestes tempos de silêncio por falta de automóveis. A minha janela dá para um parque quase abandonado, com umas oliveiras velhas deixadas à sua sorte, algumas árvores de grande porte, e erva no chão que só é cortada duas a três vezes no ano.
Mas o descuido com os vegetais é compensado com a riqueza dos animais voadores. Para além dos irritantes pombos, há muitos melros, sempre muito aguerridos entre si, pardais, vários outras espécies de pássaros de pequenas dimensões que não sei identificar, uma popa (que não canta mas é muito vistosa) e um par de gaios (lindos!). E, claro, os periquitos invasores e, quando o tempo está mau, gaivotas. E ao entardecer, os pequenos morcegos também dizem presente.
Quando me reformar, se sobreviver até lá, um dos meus planos é estudar ornitologia e fotografar toda esta abundância de aves que se observa facilmente em plena cidade.
Obrigado pelas glicínias Mário, aqui, no parque em frente à minha janela, flores só mesmo as silvestres (que por vezes são muito bonitas).

Mário R. Gonçalves disse...

Fico à espera dessas fotografias ornitológicas ! Eu não fiz plano nenhum, é tudo ao sabor da corrente... logo se verá. Goze as primeiras saídas de casa em liberdade, venha Maio !