segunda-feira, 13 de abril de 2020

'Cosi potessi anch'io' de Vivaldi em triplo comparativo; e um extra.


assim pudesse eu também ...
[Alcina]

Esta ária magistral de Vivaldi faz parte da ópera Orlando Furioso, estreada em 1727; era frequente um compositor reutilizar composições suas em diferentes obras, e Vivaldi assim fez. Ouvi Cosi potessi anch'io pela primeira vez num programa da Antena 2 que muitos conhecem - o Questões de Moral de Joel Costa - na versão cantada por Lucia Valentini Terrani, com I solisti Veneti, direcção de Claudio Scimone:



Così potessi anch'io
Goder coll'idol mio
La pace, che trovar non può Il mio cor.

Ma unito alla mia stella,
E perfida, e rubella
Sol tormenti minaccia il dio d'amor.


Esta interpretação portentosa marcou-me tanto que dificilmente me contento com outra.

A primeira alternativa é Sonia Prina, com os Venice Baroque, numa versão mais conforme à renovação 'autêntica' do barroco - ganha precisão e clareza mas perde carga dramática, e o agrupamento não é nenhuma perfeição.



Jenifer Larmore, muito aclamada na récita integral de 2011 no Théatre des Champs Elysées, canta algo insegura e com excesso de vibrato[ária aos 1 : 04]


O Orlando Furioso é uma das grandes óperas do barroco italiano, sobre texto de Ariosto; estreada sem sucesso em 1727, é um longo estudo de amores contrariados e do ciúme, com três horas de duração e vários momentos musicais preciosos.

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Um brinde pascal (para Vivaldianos), ainda do Orlando:

Vivica Genaux e a sua habitual pirotecnia vocal, em
Agitata da due venti, dir. Fabio Biondi




4 comentários:

Virginia disse...

Ouvir Vivaldi à meia noite no silêncio dum campo alegre sem carros é um privilégio. Obrigada, Mãrio.

Mário R. Gonçalves disse...

Boa escolha, Virgínia, a hora tardia é mais propícia à música... espero que a Páscoa tenha sido agradável.

Fanático_Um disse...

Vivaldi é um dos Grandes. E esta interpretação que prefere é suprema. Ouvi ao vivo um par de vezes a Lucia Valentini Terrani, mas não no Orlando Furioso. Muito obrigado Mário.
Em tempos difíceis nem me tem apetecido "ouver" ópera, mas é sempre bom um pouco ao fim destes dias extenuantes.
E, confesso, gosto muito do fogo de artifício da Vivica Genaux e a aria foi também muito bem escolhida!

Mário R. Gonçalves disse...

Obrigado, Fanático_Um. Extenuantes e desanimadores, valha-nos a música.