Cada vez mais é raro surgirem obras de Arte que me agradem. Há sempre duas possibilidades - não há artistas de jeito, ou sou eu que estou desabilitado para os apreciar. Esta segunda é bem mais provável.
Seja como for, gosto deste Mark Edwards ; não é capricho meu, ele está bastante bem cotado nos meios britânicos, as galerias expõem-no e as revistas publicam-no, como esta Art North. E uma das razões porque gosto das obras dele, estranhamente, é por retratarem solidão, isolamento, silêncio - tudo aquilo de que nos queixamos e detestamos quando somos obrigados "por decreto" como é o caso agora.
Acontece que esta não é uma solidão em reclusão, mas sim ao ar livre na Natureza. E aí, francamente, acho que há outra palavra para silêncio e isolamento: poesia, neste caso poesia visual.
Waiting for the key
Mark Edwards vive e trabalha nas Terras Altas da Escócia. Foi nos passeios pelos bosques nevados que se inspirou para esta série 'The White Wood', de 2008. Diz ele:
"Um dia (...) deparei com uma foto de 1950 numa revista, onde um homem estava reflectido numa janela de uma movimentada rua de Nova Iorque vestido com sobretudo e chapéu de coco, e então eu coloquei-o num bosque. Imediatamente surgiu uma tensão: que faz ele ali ?"
O actual e crescente interesse por Edwards reconhece a sua habilidade em criar estudos contemplativos de personagens, repetindo motivos capturados no intemporal fascínio da paisagem do Bosque Branco.
The Four Observers
É monotemático ? Depende da perspectiva. Modigliani ou Morandi ou Mondrian eram monotemáticos ? Tem os seus 'ritornellos': neve, árvores, frio, silêncio, homens de chapéu e sobretudo negro. De resto, cada quadro retrata uma situação diferente.
Stopping to look
Crow men
A todos, desejo uma quadra festiva quentinha e... saudável.
2 comentários:
Que imaginário inesperado. Não conhecia o artista, e fiquei bastante interessada.
Lembra-me um pouco Hammershøi, em que há um silêncio à volta das figuras, sem que haja propriamente solidão, naquele sentido "pesado" que lhe costumamos atribuir.
Obrigado por lembrar Hammershøi, Inês, a mesma sensibilidade nórdica, como diz.
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