Em Bergen, Agosto de 1998.
Nunca fiz um cruzeiro daqueles gigantescos que duram vários dias e param em cidades. Fiz cruzeirinhos - o das ilhas do mar Egeu, o do rio Douro, e este num dos fiordes da costa Norueguesa. Era um barco bonito de dimensão agradável, com algumas madeiras e cobres polidos, e levou-nos a partir de Bergen até ao Mofjorden, também conhecido como Romarheimsfjorden.
O Bruvik *, de 1949, foi readaptado em 1994 para cruzeiros nos fiordes em redor de Bergen, com ida e volta no mesmo dia. Pode acolher mais de 200 passageiros.
Apesar do frio, da maresia e do cheirete a diesel, era no deck ao ar livre que se disfrutava melhor a viagem.
Mo fica no fundo do fiorde, a 100 km de Bergen, umas 3 horas de viagem.
Não se chega a sair para o mar aberto, a navegação faz-se por um largo canal até entrar no fiorde; depois é quase em linha recta, direcção nordeste.
Era um dia de Verão, com sol e alguns chuveiritos, bastante fresco e ventoso. Avisaram-nos para levar agasalho, uma manta seria fornecida.
O Mofjorden é uma canal longo mas bastante aberto, ladeado de escarpas florestadas e pouco elevadas; não tem sítios dramáticos como outros mais selvagens, apenas duas referências: o Castelo (ou as Torres) e o Mostraumen.
Slottet (castelo) i Modalen é uma dupla falésia, que deve ter vistas fantásticas lá do alto; cá em baixo impressiona pouco.
Mais interessante é o Mostraumen, um estreito que até 1913 era fechado, ou seja, o fiorde terminava aqui, e depois de um istmo havia um lago onde se situava Mo; quando se abriu o canal, as duas águas ficaram ligadas, e o fiorde muito mais profundo.
Um dos trechos mais bonitos do fiorde (fotos de https://rodne.no/)
O Mostraumen tem 60 m de largo, e prolonga-se por 650 metros.
Pouco depois avistámos o nosso destino. Grande terra. Consegue ser mais pequena que o nome!
O cenário , com cascata e tudo, é o melhor.
Como não havia refeições a bordo, a maioria dos passageiros foram a um restaurante local, previamente combinado, antes do regresso; para nós o preço era proibitivo, tanto mais que já o passeio era carote. Optámos antes por ficar a passear na terra e arredores, até porque o sol abrira de vez e estava mesmo calor.
O edifício de acolhimento junto ao cais.
Não faltavam recantos bonitos.
Este parece ser o edifício principal da aldeia; é de um fabricante de calçado de couro cosido a mão, deve ser um luxo caro.
Casas de madeira branca, como por toda a Noruega. A densidade nesta região é de 1 habitante por km2.
A igreja e a cascata - lembrei-me da Senhora da Peneda. A igreja é da mais comum arquitectura neo-gótica de madeira, século XIX.
Encontrámos uma vereda um pouco íngreme que subia a encosta sul; ainda deu para escalar um bocadinho até termos uma perspectiva.
Mas fazia-se tarde. Entretanto o Bruvik, que se tinha afastado para inverter o sentido de viagem, já estava acostado à espera.
Regresso com muito frio.
Não foi grande aventura, não se apreciou nada de histórico, nem houve visitas culturais; nem sequer a gastronomia deu para degustar. Mas valeu pela lufada de ar fresco no rosto, pela lavagem de poeira dos olhos, que voltaram cheios de luz e cor. E como em quase por toda a Noruega, respira-se uma sensação libertadora de Ultima Thule.
Adeus, MS Bruvik barquinho lindo, obrigado pelo passeio.
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* Bruvik é também uma pequena localidade, noutro fiorde próximo de Bergen.
1 comentário:
Lugar magnífico! Bela é a Noruega!
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