As Ilhas Lofoten, na costa atlântica central da Noruega, são notáveis por várias razões.
- São dos poucos territórios europeus que mantêm a sua autenticidade natural, oferecendo paisagens fabulosas de montanhas e fiordes.
- São povoadas de pitorescos portos pesqueiros tradicionais, que se dedicam sobretudo à pesca do bacalhau desde a era Viking.
- É nas Lofoten que se situa o maior torvelinho marítimo da Europa. o Maëlstrom descrito por Allan Poe, no extremo poente da ilha ao largo da aldeia de Å.
- São um possível limite norte do local referido por Plínio como 'Ultima Thule', na narrativa das viagens nórdicas de Pytheas. É a tese defendida por Nansen.
Mas é fácil encontrar mais coisas notáveis no arquipélago.
Henningsvær, 68° 11' N, 14° 13' E
(mais de 180 km a norte do Círculo Polar)
Henningsvær é uma vila pesqueira com pouco mais de 500 habitantes; a povoação está dispersa por vários ilhéus à volta da ilha maior Austvågøya, no arquipélago das Lofoten. Está ligada ao resto do território pelas Pontes de Henningsvær.
Vista do alto do rochedo Festvågtind, com a estrada 816 a serpentear de ilha em ilha, de ponte em ponte.A primeira notícia escrita de Henningsvær data de 1567; mas foi no século XVIII que a aldeia mais cresceu em população e passou a contar com serviços básicos de saúde, correios, e ligações regulares por barco. Água doméstica e electricidade só chegariam no século XX.
O porto é um largo canal entre duas ilhas que foi fechado, dando um toque Veneziano à ilha.As espécies mais captadas actualmente são o bacalhau, a cavala, o alabote (halibut), a arinca (haddock) e o badejo.
Cais dos Ingleses: o centro e a zona comercial
História
A povoação surgiu no séc. XVI mas a maioria das casas que se conservaram são do séc. XVIII / XIX, sobretudo armazéns ligados à actividade pesqueira. Depois das pragas medievais, a Liga Hanseática estabeleceu-se em Bergen e passou a controlar o negócio das pescas - captura, indústria e transporte do precioso peixe seco. No século XIX Henningsvæer tornou-se o maior centro pesqueiro das Lofoten, mas não deixava mesmo assim de ser uma aldeia pobre, atrasada e isolada, como documentam as fotografias da época.
Durante a 2ª grande guerra Henningsvær foi duramente castigada com a ocupação alemã - prisões, bombardeamentos... As ilhas produziam um óleo de peixe de onde se extraía uma glicerina que fazia falta aos alemães para fabricar explosivos, e os aliados tiveram de destruir fábricas e portos; muitas infraestruturas de pesca foram arrasadas. Foi durante o desembarque que capturaram engrenagens de uma máquina Enigma e um livro de códigos, o que lhes permitiu decifrar as mensagens navais alemãs!
As pescas retomaram depois ainda mais intensamente, atingindo máximos e elevando a população até 1 000 habitantes nos anos 50. Desde então, com o declínio das espécies, os pequenos barcos de madeira foram abandonados em favor de menos mas maiores embarcações, e a população diminuiu.
Em 1960, abriu a fenomenal estrada 816 Henningsværveien, e estabeleceu-se uma ligação próxima por ferry; nos anos 80, um sistema de pontes que permite uma ligação rápida por estrada. Henningsvær viu-se subitamente rica, moderna e visitada: no Verão o turismo passou a ser uma indústria relevante, com significativo crescimento da hotelaria e excursões organizadas.
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