Há na Europa vários exemplares de pontes habitadas, a maioria na Alemanha; Florença terá a mais sublime de todas, mas a Krämerbrücke de Erfurt (perto de Leipzig) é espectacular. Em Inglaterra, a bela Pulteney Bridge de Bath é bem conhecida, há ainda a fotogénica High Bridge de Lincoln e a mal conhecida Frome Bridge, só habitada de um dos lados mas muito sugestiva para pintores paisagistas.
'High Bridge' de Lincoln: um café requintado sobre o rio Witham.
Também na Bulgária existe uma magnífica ponte habitada em Lovech, e outras mais haverá, mas um dos casos mais surpreendentes e mesmo admiráveis é a invulgar Ponte de Rohan de Landerneau, uma pequena cidade bretã próxima de Brest que nem sequer é o que chamam "meca do turismo", pelo contrário, é sossegada e agradável de visitar.
O rio Elorn na maré cheia; Landerneau prolonga-se pelas duas margens, a ponte fica ao fundo.
O longo estuário do rio é também uma entrada de mar profunda; em Landerneau ainda se sentem as marés. A ponte separa água doce de água salobra.
Lado jusante, salinidade do mar e marés bem marcadas. Um Hotel ("Une nuit sur le pont") instalou-se com esplanada para poente.
A montante, os tons azul-cinza e ocre únicos da mais bela ponte habitada em França.
A primeira referência escrita a Landerneau é de 1206. Uma Ponte de Rohan sobre o rio Elorn é mencionada em 1336, mas foi em 1510 que o visconde Jean de Rohan mandou erguer a actual construção em seis arcos, aproveitando o apoio de uma ilhota no curso de água.
O lado montante, água doce.
Só mais tarde, no século XVI, começam a ser construídas edificações sobre cinco dos arcos da ponte, entre elas um moínho de água, já demolido, e duas lojas. No século XVII surge a primeira moradia, uma casa apalaçada renascentista na esquina da margem esquerda, a Casa Gillard (ou Gillart).
Na esquina jusante da margem sul, à entrada da ponte.
Muitos elementos medievais (gárgulas, ) ainda se misturam na construção renascentista.
Construída em pedra de Logonna, ocre-dourada, uma rocha eruptiva com jazidas na Bretanha.
Relógio solar na torre mais alta.
Na esquina em frente à casa Gillard, aquilo que os bretões mais valorizam - a boulangerie.
Naturalmente, a Rue du Pont é o centro turístico de Landerneau, prolongando-se em ambas as margens em rua pedonal e de comércio, com crêperies e restaurantes. A Rue de la Font Blanche é o centro da malha urbana; é de salientar pela mistura de estilos medieval e renascentista a Maison de la Sénéchaussée ('Casa da Senecalesa', bailia ou oficial do reino ) também conhecida como casa da duquesa Ana da Bretanha, de 1664; é agora espaço de exposições.
Torre da escadaria em caracol.
A fachada principal é renascentista, em pedra de Logonna.
Fachada lateral em enxaimel e ardósia, de três andares, muito medieval.
É nesta praceta
que fica "Le Central", o café de Landerneau.
Se há coisa feia e que dispensa referência são as igrejas. Passo à frente, mais vale mostrar as lojas.
'Le Croissant de Lune', galeria e loja de arte, rue St. Thomas.
E boa noite.
Mais:
https://www.lavieb-aile.com/2017/01/sur-la-piste-des-crossettes-de-landerneau.html
1 comentário:
Obrigado Mário, mais uma vez dá-nos a conhecer realidades que mal conhecemos (falo por mim). Aguça o apetite de ir lá ver ao vivo!
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