domingo, 19 de dezembro de 2021

O Museu Arqueológico de Braga, enriquecido com a colecção Bühler-Brockhaus

- prenda de Natal do Livro de Areia

Nesta 'rentrée' da pandemia, uma das exposições mais ricas a que temos direito sem grande viagem: pertinho, barata e cómoda. Estou 'em pulgas' para lá ir, ao Museu D. Diogo em Braga.

Começo pela colecção permanente. A peça mais bela e sofisticada é talvez esta taça romana encontrada no sítio arqueológico de Bracara Augusta:


É quase uma miniatura, com talvez 9 cm de diâmetro.



Jarros (ou "galhetas") em vidro soprado incolor esverdeado, datados dos séculos II a III depois de Cristo, integravam o espólio funerário de uma sepultura da Necrópole.

Diatreta (gaiola de vidro) do século IV, restaurada a partir dos pedaços de vidro encontrados em Bracara Augusta. Servia para suspender uma candeia de óleo ou lucerna romana. 

É um objecto bastante raro.

E logo à entrada:
Malceino, guerreiro Galaico de S Julião

Os povos que compunham os Galaicos eram de origem celta, viviam nos “castros”, as aldeias de pedra pré-romanas. Malceino é identificado no escudo com uma inscrição em latim.



Há muito mais, mas o que agora aconteceu de notável foi a doação da colecção de peças da Antiguidade Clássica do casal Bühler-Brockhaus.


Estátua romana de Cibele sentada.


Busto em mármore de Augusto, primeiro Imperador Romano e fundador de Bracara Augusta.


Mosaico do séc. III-IV: mito de Pélope e Hipodamia (Pelos, Ippodamia). Pélope empunha a palma da vitória na corrida de quadrigas que lhe garantiu o casamento e o governo da província que tomaria o nome de Peloponeso. Um Erote (=cupido) conduz o carro vitorioso.

Detalhe

Capacete Apulo-Coríntio romano em bronze.



Cista etrusca, penso eu. 

E vasos gregos:

Vaso ático (lekithos) datado entre 525 e 475 AC; dois guerreiros com capacetes coríntios seguram lança e escudo em posição de ataque.


Termino com o cálice etrusco que será único no mundo e é ao que dizem a peça mais valiosa. Que é invulgar, é.


São peças como estas que moldaram a nossa maneira de ver e fazer. Outras culturas terão outros modelos, eu sinto-me bem com a herança mediterrânica e o processo que formou o meu gosto estético. Pertenço a isto. Não a uma etnia, cidade, país nem sequer uma União de países - pertenço a um património cultural.

Um bom Natal, caros visitantes !


1 comentário:

Fanático_Um disse...

Obrigado Mário, uma visita obrigatória na próxima deslocação a Braga.
Umas Boas Festas para si e para sua Família e obrigado por manter tão activo o que, para mim, é o blogue mais educativo e interessante em língua portuguesa.