domingo, 26 de dezembro de 2021

Um quadro, um poema, uma jornada


"Port maritime avec l'embarquement de la Reine de Saba" - Claude Lorrain, 1646


Embarques, de Peter Bland

Alguém está de partida: em cada cena
alguém desce degraus para o mar.

A História fica para trás – o sonho
de uma Idade de Ouro, ruínas pastorais.

É uma viagem que só farão uma vez, 
por isso viajam leves - a partida apenas notada

pelos animais nos campos
cujo olhar, sem nunca se alterar,

nos comove tanto como esta evasão
para lá do amor humano – ou para dentro dele,

qual seja o que os espera. Vão sós
ao longo do trilho do sol, sem olhar para trás

mas sofrendo pela chegada a esse país longínquo
que está em parte nenhuma e em toda a parte - o verdadeiro lar

cujo clarão brilha nos seus membros e rostos.

Peter Bland, 1980
                                                                            [tradução minha]


Peter Bland é um poeta neozelandês nascido em Scarborough, tem portanto a 'partida' e a 'viagem' inscritas na sua história de vida, desde os 20 anos. Quando viu este quadro magnífico na década de 1950, ficou marcado pela maneira como Claude Lorrain representa a “tremenda paixão de um destino e uma partida”, que lhe inspirou este poema 'Embarkations' .

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