quarta-feira, 27 de julho de 2022

Em Espinho, com canções de John Dowland na Academia


Estive no Festival de Música de Espinho, para ouvir canções de Dowland pelo alaúdista Edin Karamazov e a voz do alto Andreas Scholl. Já lá vamos, primeiro um pouco de turismo.

A cidade de Espinho nasceu pobre, um bairro de pescadores em modo de subsistência, sem qualquer ambição a cidade próspera. Mas o tempo lá se encarregou de levar burguesia a banhos desde o século XIX (o combóio chegara em 1867)  e mais tarde também ao jogo no Casino, e com ela algum requinte onde só havia sardinha na brasa, ou cavala.

Aos poucos algumas casitas com mais gosto e decoração iam surgindo ao acaso, sem plano nem sequência; o revestimento a azulejo e algum trabalho de alvenaria, ou ferro forjado na porta ou na varanda, faziam a diferença. Por exemplo, a rua 16 tem alguns exemplares:


E a vizinha rua 14 também:



A parte mais central de Espinho é uma rede de ruas em quadrícula perfeita onde cada uma é identificada não por um nome mas por um número. Da rua 1 à 66 pelo menos a numeração é a única forma de indicar o endereço; ruas pares paralelas à orla marítima, rua ímpares perpendiculares, de norte para sul. A rua 2 é a via panorâmica frente ao mar. onde se sucedem restaurantes. Da rua 3 em diante, misturam comércio, serviços e residências. A Rua e a Avenida 8 foram a via principal da cidade entre a zona balnear, a via férrea e a cidade, a rua 19 é arborizada, pedonal e comercial, a sua paralela rua 23, de passeios largos, onde fica o mercado e as melhores lojas, é agora a mais importante.

A rua 19 quase só tem lojas, mas há uma ou outra casita com estilo:

Rua ' europeia', arborizada, mobilada.

A maior preciosidade é a Livraria Bertrand, uma das mais bonitas casas Bertrand do país.
Nem no Porto há uma Bertrand assim.


A rua 23 na esquina do Mercado é outro sítio central.

A esquina da  rua 10 com a rua 29 tem sido bem tratada, com revalorização de algumas casas.

Esquina das ruas 10 e 19


Sabe bem passear 'às compras' nesta cidade tranquila, plana e amigável para peões.
---------------------------------------------


No dia 22, aconteceu no Auditório o concerto de Andreas Scholl com Edin Karamazov em alaúde. 

Foto: Público

Dowland foi o mais convocado, estavam programadas as suas mais belas canções - como Come again e Time stands still, que Scholl cantou com expressiva sensibilidade, tomando algumas liberdades nesse sentido, e acompanhado criativamente (com algum improviso)  pelo alaúde. Muito bom, até mesmo com fífias nas cordas e pigarro na voz uma ou outra vez, coisas que acontecem a quem arrisca; mestria e autenticidade. Mas além de Dowland houve outros bons momentos.

Scholl, Have you seen the bright lily grow, de Robert Johnson (1583 ?-1633)

Scholl, Karamazov - Down by the sally gardens, poema de Yeats

Scholl e Karamazov em canções de John Dowland:


Umas mini-férias como ainda podemos fazer.

Sem comentários: