quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Canção para as primeiras horas, de Nancy Campbell


Na edição do Spectator de 13 de Agosto, um novo poema de Nancy Campbell que merece ficar aqui.
(tradução minha).

          Canção para as primeiras horas

          Que haja sempre um amigo
          a quem escrever uma carta -

          sempre um momento de silêncio
          entre os compassos da música -

          sempre mais histórias,
          mais música -

          sempre um bando de aves
          a voar sobre o rio -

          sempre mapas antigos
          que prometem novas jornadas -

          sempre uma ilha onde acostar
          e a sombra das árvores.

          Que a solitária rotina
          traga novidade para outros -

          Que cada estreito quarto
          se abra a vastos mundos -

          Que todos os anos
          sejam gráficos desenhados a tinta clara 

          e nenhuma das nuvens que vêm
          esconda a vista do cume.

                   

                             

Song for the small hours 

May there always be a friend 
to write a letter — 

always time for silence
between bars of music — 

always more stories, 
more music — 

always a flock of birds 
over the river — 

always old maps 
promising new journeys — 

always an island at which to moor 
and shade of trees. 

May the lonely routine 
bring wonder to strangers — 

may every little room 
open on wide worlds — 

may all the years 
be charts drawn in clear ink 

and none of the clouds to come 
veil the view from the summit.

                                                          Nancy Campbell

1 comentário:

Fanático_Um disse...

Não sendo eu um apreciador incondicional de poesia, reconheço grande beleza neste poema (e uma excelente tradução, que o torna igualmente belo em inglês e em português).