sábado, 20 de agosto de 2022

Tecla, a cidade de Calvino que nunca acaba, como o Universo


[tradução minha]

Quem chega a Tecla, pouco vê da cidade, por trás dos tapumes de tábuas, as protecções em tela de saco, os andaimes, as armações metálicas, as pontes de madeira suspensas por cabos ou apoiadas em cavaletes, os escadotes, as treliças. E à pergunta: “Porque continua a construção de Tecla assim tão demorada ?” – os habitantes, sem parar de içar baldes, de largar fios de prumo, de mover para cima e para baixo longas trinchas, “Para que não comece a destruição”, respondem. E questionados se temem que mal os andaimes sejam retirados a cidade comece a rachar e a cair em pedaços, reagem muito depressa, em surdina: – “E não só a cidade”. 

Se, insatisfeito com as respostas, alguém se aplica a espreitar pela frincha de uma vedação, vê gruas que levantam outras gruas, andaimes que revestem outros andaimes, traves que escoram outras traves. “Que sentido faz o vosso estaleiro?”, pergunta. “Qual é o fim de uma cidade em construção se não uma cidade? “. “Onde está o plano que vocês seguem, o projecto?” “Mostramos-te assim que o dia termine; agora não podemos interromper”, respondem. O trabalho cessa ao pôr do sol. Cai a noite sobre o estaleiro. É uma noite estrelada. “Aí está o projecto”, dizem.

 

Chi arriva a Tecla, poco vede della città, dietro gli steccati di tavole, i ripari di tela di sacco, le impalcature, le armature metalliche i ponti di legno sospesi a funi o sostenuti da cavalletti, le scale a pioli, i tralicci. Alla domanda: “Perché la costruzione di Tecla Napoli continua così a lungo?”- gli abitanti senza smettere di issare secchi, di calare fili a piombo, di muovere in su e in giù lunghi pennelli – “Perché non cominci la distruzione, rispondono. E richiesti se temono che appena tolte le impalcature le città cominci a sgretolarsi e a andare in pezzi, soggiungono in fretta, sottovoce: – Non soltanto la città.

Se, insoddisfatto delle risposte, qualcuno applica l’occhio alla fessura d’una staccionata, vede gru che tirano su altre gru, incastellature che rivestono altre incastellature, travi che puntellano altre travi.- “Che senso ha il vostro costruire?-domanda .-Qual è il fine di una città in costruzione se non una città? Dov’è il piano che seguite, il progetto?” – “Te lo mostreremo appena terminata la giornata; ora non possiamo interrompere” – rispondono.Il lavoro cessa al tramonto. Scende la notte sul cantiere. E’ una notte stellata. “Ecco il progetto” – dicono.

Nunca nada está acabado neste mundo, nem com a morte. Toda a obra é obra em progresso, para onde? para quê? está escrito nas estrelas, mas não sabemos ler a resposta.

---------------------------
Grato ao Biblioteca na Floresta por me relembrar este conto de Calvino

Sem comentários: