domingo, 9 de outubro de 2022

Pedacinho de paraíso: o jardim de Gertrude Jekyll em Lindisfarne


Ruínas da Igreja de 1150

Lindisfarne (Holy Island) é uma ilha de culto para os ingleses, no limite nordeste do território; tem acesso por um istmo arenoso lamacento que permite a travessia na maré baixa. Lá se encontra uma pequena povoação, o famoso Castelo e os restos da Abadia Beneditina medieval que sucedeu ao Mosteiro fundado por St. Aidan de Iona (634);  tudo compondo um cenário romântico para um sítio anglo-normando cristão que cresceu desde o século VI, sem nunca ter sido tomado pelos romanos.

Do edifício da Abadia Beneditina de 1093 só restam paredes e arcos, mas o mais importante legado monacal são os Evangelhos de Lindisfarne, manuscrito de c. 720, que escapou aos raids Vikings no século VIII-IX. O grande livro foi obra de Eadfrith, monge de Lindisfarne, bispo desde c. 698 até c. 722.


É notável pelas belíssimas ilustrações e pela caligrafia, trabalho quase exclusivo de Eadfrith; seria depois completado por dois irmãos que fizeram a encadernação com jóias incrustadas, saqueada durante as incursões Vikings.


Sem defesa perante os Vikings, o primeiro mosteiro de Lindisfarne tinha sido abandonado cerca do ano 880. Só em 1051 alguns monges normandos de Durham voltaram à ilha; é desse período a nova Igreja medieval, que atingiu alguma prosperidade no século XIV. Mas  a nova comunidade Beneditina seria dissolvida por Henrique VIII no séc XV, e, período de guerras, e a igreja foi-se arruinando.



O Castelo começou a ser construído em 1550, portanto após o abandono da Abadia, cujas pedras foram aproveitadas para a sua construção. A fortificação, no alto de uma protuberância vulcânica de basalto, deveria fazer frente às ameaças de tropas Escocesas, que andavam a atacar a costa. Mas em 1603 os dois tronos, inglês e escocês, uniram-se e o castelo foi parcialmente desactivado, ficando uma pequena guarnição a proteger o porto piscatório.


Desde então vários restauros e obras de reforço tranformaram-no numa curiosidade turística protegida como património histórico.

A galeria principal


Foi em 1911, aquando de uma dessas campanhas de restauro, que a jardinista Gertrude Jekyll criou o jardim que inspirou este post.


Gertrud Jekyll iniciou este pequeno jardim murado em 1911; plantou variedades de ervilha-de-cheiro, hibisco, malva, crisântemos, gladíolos e perpétuas.



Impressionante como as cores variam com as estações.




Foi uma ideia genial, este rectângulo murado a servir como jardim do castelo; imagino que se veja das janelas, muito ao longe.


Janela com vitral na fachada norte do castelo.





Deixei de fazer viagens, mas não deixei de as planear, dá-me gosto imaginar itinerários, ir descobrindo coisas pelo caminho. Lindisfarne não será um destino, mas é uma irresistível paragem.

1 comentário:

Fanático_Um disse...

Obrigado Mário. E para além de as planear, continue a fazer algumas viagens, sobretudo aquelas para destinos seguros em Países civilizados e não muito distantes, que nos oferecem a garantia de, se algo de inesperado acontecer, não ficarmos por lá abandonados aos caídos...