domingo, 10 de novembro de 2024

Escapada em Braga, a cidade mais estrangeira (per capita ~ 8%)

Há muitos anos, andei a concluir os meus estudos em Braga, na Universidade do Minho. Era uma cidade pacata, parada, muitas fachadas em ruína, e onde apenas havia um sítio notável que eu frequentasse - o café A Brasileira

 

Braga duplicou de população, está à beira dos 200 000, que se notam numas ruas cheias de gente, muito comércio, casas restauradas - muitas para alojamento, como em toda a parte. Ouve-se falar brasileiro por toda a parte, e espanhol (castelhano e sul-americano), menos galego do que eu contava, algumas línguas do leste europeu. Há turistas em excursóes, até japoneses/as. Há um Museu novo e recentemente enriquecido - o Museu D. Diogo (*) - , abundância de azulejos interiores, 'A Brasileira' à cunha, e acima de tudo uma extraordinária Livraria, a '100ª Página'.

A casa Rolão, onde se instalou a Centésima Página.

Em termos de património construído, o ponto de partida é o Arco da Porta Nova, entrada poente para a longa Rua do Souto, que passa no antigo Paço, na , e vai subindo até desaguar n'A Brasileira

Entrada para a Rua do Souto pelo Arco da Porta Nova.
 
Do outro lado fica o Largo da Praça Velha.
  
Largo da Praça Velha



 
Logo acima encontra-se o Largo do Paço, antigo centro urbano.


Muitas recordações: aqui fui admitido na Universidade, aqui recebi o diploma.
 
 
Foi no salão medieval da Reitoria:

 

O colorido travejamento do tecto.
 
Poucas centenas de metros acima chegamos à famosa Brasileira.

Não se está mal.

Mesmo ali ao lado fica uma das casas mais antigas , a Casa dos Crivos, longos anos ao abandono mas agora restaurada. Não tão antiga como parece, é uma casa do século XVII.

Gelosias de madeira fechadas para total resguardo das mulheres, já na altura havia Talibans de outra crença.
 

Também a Casa dos Coimbras merece referência, mesmo sendo um falso.

Havia no outro lado da rua um palacete do século XVI, com elementos manuelinos. Foi demolido no século XX, mas aproveitaram esses elementos para o reconstruir. Agora é restaurante.

Outros motivos de interesse: as paredes cobertas de azulejo e os presépios esculpidos da Igreja N. S.ª A Branca, do séc. XVIII.

Mas o Theatro Circo de 1914 é que me levou agora até Braga para assistir a um concerto de jazz com Bill Frisell Four.

 
É mais bonito o interior, restaurado como novinho em folha, há 20 anos.

 

Foi um óptimo concerto, gosto muito da guitarra no Jazz.

A maior surpresa, contudo, foi a 100ª página, a Livraria Centésima Página !

A fachada nada promete, é apenas mais uma pesadamente barroca, do século XVIII - a Casa Rolão.


A porta da rua dá para um pequeno átrio; mas a livraria ocupa uma vasta área, tem salas e salas de edições em português lindamente expostas, cafetaria, terraço e jardim - onde há mesas quase sempre ocupadas onde se lê, toma café ou lanche ou almoço. Mas o labirinto livreiro interior é que vale a visita, digamos duas horitas e um saco cheio de livros.

Átrio de entrada.

  

 

Corredor de passagem para o jardim nas trazeiras.
 

 
Imperdível, incontornável, o que quiserem. Já vi coisas assim 'lá fora', cá nunca.

E é assim que a triste, pobre e beata Braga está convertida em moderna, rica e culta e poliglota.

Termino com um pouco da música dos Bill Frisell Four:



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(*) Já publiquei Aqui 

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