Não sou frequentador de hotéis luxuosos, estou-me borrifando para as estrelas e as "facilities" e os brindes; mas que há sítios onde me apetece voltar, em grande parte, pelo local onde estive alojado, ah isso há. Muitas coisas contam: o local, o design, o conforto, a varanda com vista, o pequeno almoço, alguma refeição, a piscina...é uma lista pessoal e nada ortodoxa.
1º
As Casa do Côro, em Marialva.
Não se pode pedir mais: um gosto decorativo perto da perfeição, um local de sonho, terraços privativos ao luar, refeições divinais (por encomenda), visitas ao Douro inesquecíveis, caminhas acolhedoras, sala com lareira, piscina a ouvir os grilos e a ver os grifos lá em cima...o tempo parou, estou no céu!
2º
O Barco-Hotel Invicta da Douro Azul
Premiado ,
http://www.turisver.com/article.php?id=33592, é um barco fluvial onde ainda se sente o romantismo da viagem; madeiras envernizadas e latão polido abundam pelo navio; de dimensão humana (68 m), é um prazer percorrê-lo e percorrer o Douro nele. Mas verdadeiramente excepcionais são as refeições, em particular os pequenos almoços: pantagruélicos e com tudo o que há de fresco, desde frutos (exóticos) a marisco, passando por uma doçaria sem fim que faz mal mas consola. A exígua cabine tem madeira e latão polido q.b, parece que recuamos um século. Os motores também merecem ser vistos. Mas, neste hotel, há sobretudo o Douro a correr lá fora, duas margens sinfónicas em estereofonia visual.
3º
Es Petit Hotel, de ValldemossaValldemossa é uma vilazinha bem conservada, muito agradável, situada na zona montanhosa (a mais bonita! ) da ilha de Maiorca. Frequentada por artistas ( noutros tempos palco de encontros entre Chopin e George Sand) abundam pequenas lojas de autor ( cerâmicas, joalharia, aguarelas, etc.). Tem um festival anual dedicado a Chopin. Ouve-se piano ecoando no silêncio matinal...O Petit Hotel tem o melhor pequeno almoço do mundo: não porque seja farto, mas porque é servido numa magnífica varanda com vista para a montanha e os telhados da vila; o sumo é espremido na hora e é delicioso, os biscoitos da senhora Margarita (proprietária) são feitos no dia, pão variado fresquinho, yogurte natural, compotas também de produção caseira local. E o café, ah, o café!
O quarto tem também uma esplêndida varanda com a mesma indescritível vista. Somos tratados como reis numa casa pequena (tem uns 5 ou 6 quartos) e com muito bom gosto decorativo, os donos não sabem o que fazer mais por nós...Local: bem no centro da vila! Ah, e há ainda um restaurante local, o
Costa Nord, mandado fazer por Michael Douglas, onde degustei o melhos jantar da minha vida: cuisine gourmet!
N.B. tudo a preços sensatos.
4º
The Borrowdale Hotel, Lake DistrictA região dos lagos do norte de Inglaterra é bem conhecida: linda de morrer, em época baixa sobretudo. O Borrowdale, perto de Keswick e mesmo à beira do lago, numa casa vitoriana de 1866, faz reviver essa época de charme e ilusão de felicidade burguesa com todo o realismo: o serviço de mesa é um luxo deslumbrante de "bom gosto", o pequeno almoço simplesmente indescritível - morre-se só de vê-lo antes de comê-lo...- depois, é obrigatório sair a desgastá-lo, e com tantos caminhos pela montanha não falta como; uns 500m atrás do hotel há uma cascata...com tudo isto, quem quer saber se a cama é dura e tem mossas?
Ah, neste caso, a coisa não sai nada barata...
5º
Rica Hotel, EstocolmoDepois de Veneza, Estocolmo é a cidade mais bela da Europa. Não pelo património, claro, mas pelo conjunto urbano, distribuido por ilhas e ilhotas, pelo modo como se relaciona com o fiorde, pela luz e pelos reflexos, pelos vários desníveis e vários bairros, diferentes arquitecturas e diferentes perspectivas, que fazem da cidade um conjunto de núcleos urbanos, com deve ser, e não uma "metrópole"monumental. O
Rica Hotel está quase no centro, numa agradável praça ajardinada, perto de tudo a pé - e a rede de metro é um luxo de comodidade... No exterior, convencional; no interior, uma decoração contemporânea: diferentes quartos e diferentes corredores, salas desniveladas com plataformas e escadarias divergentes, num aproveitamento de efeito conseguido do espaço interior. Nada de muito especial, apenas o design sueco a funcionar em pleno. A preço módico numa cidade muito cara (café 3 €), tem tudo como deve ser: é bonito, limpo, bem situado, serve bem...só não dá nas vista. É nórdico.