O livro/triplo CD das Sinfonias de Brahms pela Tonhalle de Zurique, dirigida por David Zinman, é um objecto de desejo.
Encadernação e papel requintados, cores e ilustração conseguidas, bastante texto histórico, o encantamento começa logo no manusear do objecto...
Mas será só embrulho?
Depois das fulminantes 9 de Beethoven, que foram uma revelação de energia e detalhe, com novidades nas linhas melódicas e nos contrastes dinâmicos, respeitando de perto as indicações do compositor sem fazer disso uma obsessão, eu aguardava com expectativa estas 4 de Brahms.
E fiquei como se diz do copo: meio cheio, meio vazio, conforme.
Limpidez e pureza da forma, sim. Impacto e dinâmicas, nem por isso. Novidades, muito pouco.
A 2ª de Brahms é para mim uma das grandes sinfonias de sempre, emparceirada lá no alto com as sublimes de Mahler e Beethoven. O primeiro andamento é das coisas mais inebriantes de génio e vertiginosas de criatividade que já se escreveram em música. O segundo, um dos mais belos adagios da história da música. Na interpretação de Zinman, está lá tudo em dose mediana, mutíssimo bonito, vienense - sem verdadeira paixão, mas muito competente e refinado, uma orquestra de bela sonoridade e perfeita articulação, que respira cada nota, resultando numa audição "feliz" mas sem entusiasmos... onde está a vibrante "loucura" que se esperava de Zinman ? Por vezes até espanta a lentidão, inesperada... a contenção parece ter vencido, faltou a "faísca". Já no último andamento, Zinman mostra um pouco do que poderia ter sido esta integral: esfuziante e de impressionante controle dinâmico, o Allegro tem mesmo spirito! Um Brahms fenomenal, sim, finalmente.
Idem com a 4ª. A gravação tem um som bem melhor que a 4ª dirigida por Kleiber, está "impecável", mas que diferença! Kleiber faz-me saltar na cadeira...
1 comentário:
Pois percebo. Lá está, certinho, correcto mas ? Não ouvi ainda note-se, falo de cor ...
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