domingo, 16 de outubro de 2011

Os neutrinos que conquistaram a liberdade

Do artigo "La prison de lumiére" , de Jacques Attali, no L'Express de 28 de Setembro, com tradução e adaptação minhas:

Os homens não gostam de prisões nem de nada que seja um limite à sua vida. Não gostam de fronteiras, nem das restrições que a duração da existência lhes impõem, nem das restrições das leis físicas.Toda a aventura humana é feita de tentativas de evasão: viver cada vez mais longamente, conhecer por inteiro o planeta Terra, aprender a voar, explorar o universo.

Só que, faz um século, o homem encontrou uma prisão dita indestrutível: pela teoria da relatividade de 1905, nunca poderia ultrapassar a velocidade da luz no vazio. Por mais que se acelerem partículas de matéria, a sua velocidade, crescendo cada vez mais lentamente, nunca atingirá a da luz. Intolerável.

(...) ora, recentemente, neutrinos de muito alta energia percorreram 730km no subsolo, entre a fronteira franco-suíça e uma montanha perto de Roma, e foram 6 quilómetros por segundo mais rápidos que a luz. Ou seja, chegaram ao destino com 20 metros (é muito!) de avanço sobre a luz.

Incrédulos, os investigadores repetiram a experiência durante 3 anos, observando 15 000 neutrinos, levando em conta influências tão irrelevantes com a deriva dos continentes ! Sempre com o mesmo resultado.

(...) Dentro do quadro da relatividade, o fenómeno só é explicável se os neutrinos se tivessem evadido para outro universo, dotado de mais que as 4 dimensões do nosso, e aí tivessem encontrado um atalho (o famoso wormhole) que os trouxesse de volta ao nosso em menos tempo.

Essa seria a Grande Evasão, que a ser realizável poderá um dia trazer à humanidade um grau de liberdade no Universo maior do que alguma vez se sonhou. Ainda há days of miracle and wonder pela frente.

1 comentário:

Gi disse...

Assim espero, Mário.