domingo, 20 de novembro de 2011

o Arminho do Ártico

(a propósito da exposição de Leonardo na National Gallery)


Começo por declarar a minha simpatia por este animalzito lindo mas arisco, fofinho mas temível: o arminho, criatura que abunda nas tundras e taigas do Ártico - territórios do extremo Norte do Canadá, Gronelândia, Escandinávia e Sibéria.

Arminho (Mustela erminea).

O seu habitat usual são terras planas inundadas, e espaços abertos e pedregosos.

Os arminhos mudam de pêlo com uma sensibilidade às estações que lhes dá um toque de criação artística: castanho/amarelado no Verão, branco como a neve no Inverno, com uma bela cauda negra.


São muito territoriais e solitários. Gostam de grandes espaços abertos. E lutam com sucesso com bichos bem maiores...

Na Idade Média viviam mais a Sul e eram procurados pela pele. Actualmente, vivem em paz com os homens, não estão ameaçados nem em extinção.





Uma das atitudes mais patuscas do arminho é de pé sobre as patas trazeiras:

A cauda negra do arminho atrai a atenção de aves predadoras, e assim salva a vida do espertalhão, que se safa apenas com uns pêlos a menos lá atrás.

A corrida do arminho faz-se em movimentos ondulantes, devido à espinha flexível que ora se arqueia, ora se distende.


O arminho é um animal muito territorial e solitário. O tempo de vida varia de 4 a 7 anos.

São animais nocturnos ou crepusculares. Caçam roedores ou pequenos pássaros, e são presas de lobos, raposas e grandes aves.

Há séculos, na Idade Média, o pêlo dos armimhos era muito procurado para roupas de luxo; era-lhes atribuído um significado simbólico de pureza.

Retrato de Isabel I , de Nicholas Hilliard, 1585

Por causa desse simbolismo, os arminhos figuravam em muitos brazões.
Heráldica do arminho numa janela em Chateau-Blois

Não são espécie ameaçada - pelo contrário, a população não cessa de aumentar e em ceras zonas chega a ser uma praga. A população mundial anda na casa dos 1000 milhares de milhão!

Vídeo mostrando um arminho glutão:


Finalmente,

Quem puder ir a Londres à National Gallery ver a exposição de obras de Leonardo da Vinci terá, entre muitas obras primas, esta famosa Dama do Arminho.

Leonardo retratou a Dama com genial mestria; infelizmente, não foi tão hábil ou tão simpático com o arminho, que sai mal na "fotografia".

Exposição Leonardo da Vinci: Painter at the Court of Milan
National Gallery of London
9 de Novembro de 2011 – 5 de Fevereiro de 2012
ver aqui

8 comentários:

Moura Aveirense disse...

Vi a reportagem da Clara Ferreira Alves sobre esta exposição, no Expresso. Dá uma vontade... entre a exposição Hermitage no Museu do Prado e Da Vinci na National Gallery, mon coeur balance...

Mário R. Gonçalves disse...

Ou a Paris ver a fabulosa "Pompei, un art de vivre"
no Museu Maillol

http://www.parisinfo.com/sorties/1375580/pompei-un-art-de-vivre

Este fim de ano está marcado por grandes exposições.

Mais outra, Miró, a maior de sempre, em Barcelona....

Mário R. Gonçalves disse...

Desculpe, Moura, o link é este:

http://www.museemaillol.com/

Gi disse...

A julgar pelos quadros, o arminho será domesticável... Quero um!
(Ou não: o Jr não ia gostar)
Mais patusco que um arminho em pé só um suricata em pé.

Mário R. Gonçalves disse...

Sim pelo menos nos séc. XV - XVI eram mantidos como animais de estimação pela aristocracia.

Parece que são muito "limpos", também dá jeito :D

joana disse...

Perguntei-me sempre por que razão Leonardo deformou o arminho e a mão da modelo ( há muitas especulações e poucas certezas sobre a sua identidade). Faz-me também alguma confusão o penteado/toucado. Nunca o percebi claramente.
Quanto a exposições, deixem a de Miró para último lugar. Na minha modesta opinião, não vale a viagem - mas Barcelona vale, claro. Excepção feita às primeiras obras do pintor, que nunca tinha visto, não traz nada de novo e tem um catálogo pejado de explicações pretensiosas. Para alguém com sentido crítico, até dói. Gostei bem mais de visitar a coleção permanente da Fundação, há alguns anos atrás.

Mário R. Gonçalves disse...

Viva, Joana, há que tempos...

Obrigado pelo comentário, sempre bem vindo.

Para já, vou à Gulbenkian, que também tem uma mostra preciosa.

Mário R. Gonçalves disse...

Ah, tem razão, além do arminho também a mão está estranhamente feiosa.