terça-feira, 5 de junho de 2012

O Jubileu e o orgulho britânico

Espantoso, o cenário em que Londres viveu, com perto de um milhão de pessoas alegres, sorridentes, felizes talvez, horas e horas a pé em filas só para verem e aplaudirem a sua Raínha. Sossegadamente, sem gritaria nem atropelos. Em paz.

Em mais nenhum país do mundo seria possível. Nenhuma monarquia goza deste prestígio junto do seu povo, e o mais certo é que nenhum presidente da república consiga tão comovente homenagem. Oitenta por cento de aprovação também fazem inveja a todos os republicanos em democracia. Até me parece que só as ditaduras conseguem obter percentagens tão elevadas - mas por manipulação, não por tão espontâneo sentimento de pertença e simpatia.

Isto sem falar dessa imensa Commonwealth que a reconhece...

Viva a Raínha, pois. De certa forma, ela é também a minha Raínha. Já era quando nasci, sei lá se ainda me sobrevive. Se todos os poderosos fossem como ela, não havia mal no mundo.

Os pedantes republicanos franceses dirão, "que piroseira!". Há gente que nunca mais aprende: sonhar também é um direito fundamental.

P.S. Aqui sonha-se com a selecção. Também vive em fausto à nossa custa. Mas não faz nada de jeito, só dá desgostos, entretém escândalos e alimenta palavrões. É feia.

5 comentários:

Virginia disse...

Apetecia-me assinar por baixo...

Elizabeth II foi coroada quando eu tinha 5 anos e andava no Colégio Inglês que tem o nome dela: Queen Elizabeth school. Percebe , portanto, o meu amor ao país, aos cidadãos em geral, à cultura e tb à monarquia. Ainda ontem estive em Londres, embora longe do centro, e senti a vibração calma daquele povo. Não havia TVs em parte nenhuma, não é como aqui, onde o futebol nos persegue, só falta porem TVs nos postes da rua!

Grande post!
Concordo com tudo!

Anónimo disse...

Agora que fala nos franceses, não resisto a comparar as comemorações do jubileu e aquele espectacular passeio pelo Tamisa com a parada militar pelos campos elíseos em cada 14 de Julho. Ridícula demonstração de um poder cuja última vitória (a solo) foi no tempo de Napoleão.
xico

Mário R. Gonçalves disse...

Bem visto!

Gi disse...

Não sejamos injustos nas comparações: um presidente da república que estivesse no cargo sessenta anos seria um ditador e os festejos que se fizessem dificilmente seriam credíveis.
Só a monarquia pode conciliar essa estabilidade com uma representação genuína da unidade nacional.
Acho eu :-)

Mário R. Gonçalves disse...

Gi,

é precisamente isso que eu digo: o regime republicano não é capaz disso, a não ser em ditadura (cf. Coreia do Norte).

Não faltam presidentes eleitos a querer ser reizinhos: Putin, Chavez. São caricaturas.

A situação britânica é excepcional: uma monarca com quem se simpatiza há décadas, um povo que venera mas não é súbdito.