quarta-feira, 4 de junho de 2014

Hercules de Handel na Ópera da Bastilha (2004) - Bohlin, DiDonato et alli


Já 'toda a gente' deve ter visto o Hercules que William Christie dirigiu na Ópera da Bastilha com Joyce DiDonato e Ingela Bohlin. Está editado em DVD.

O canal Mezzo tem andado a passar esse registo e num destes dias consegui vê-lo na íntegra. Deve ter sido memorável para quem assistiu - há muito não via uma récita tão magnífica. As Arts Florissants de Christie estão ao seu melhor nível - insuperável - e o canto é desempenhado por vozes que é um permanente gosto ouvir; além das duas protagonistas, destaco o Hyllus de Toby Spence. A encenação não é a meu gosto, sobretudo a lata de crude (?) azul e amarela, mas já se viu pior; e a teatralidade dos cantores transmite uma intensidadade rara, com destaque para a excelente actriz que é DiDonato.

O tema é o ciúme, o mais absurdo e doentio, que mata aquele que se ama. Handel descreve os estados de alma (a personagem de Dejanira é uma obra-prima) com uma precisão e sensibilidade que me espantam, tendo em conta a época e a personalidade dele. São de sobra os momentos de antologia, escolhi colocar aqui alguns que me tocaram mais.

Hercules, HWV60, de Handel
Ópera da Bastlha, 2004
Les Arts Florissants, dir. William Christie
Iole - Ingela Bohlin, soprano
Lichas - Malena Ernman, mezzo-soprano
Hercules - William Shimell, baritone
Hyllus - Toby Spence, tenor
Dejanira - Joyce DiDonato, soprano



Ária "Begone, my fears, fly hence, away"


Côro "Jealousy! Infernal pest"
Fantástica a opção cénica aqui, de arrepiar a música.


Joyce, Joyce, não há igual.


A famosa "Where shall I fly"

Finalmente,
Iole de Ingela Bohlin, a soprano surpresa !


Uma ária simplesmente genial...
Justiça foi feita a mais uma bela ópera, injustamente menorizada, do caro Sassone.

3 comentários:

Fanático_Um disse...

Só vi no Mezzo mas concordo consigo, é uma obra de invulgar qualidade e com a Joyce DiDonato ao mais alto nível!

Gi disse...

Foi esse "Hercules" que me revelou a Joyce. Fiquei contentíssima quando depois lhe descobri o blogue, e pude seguir-lhe a carreira, durante algum tempo, de perto.
No entanto, quando a fui cumprimentar pela primeira vez, em Bruxelas, e mencionei o "Hercules", ela fez um "oh, that" que me pareceu pouco entusiasmado.
Continua a entusiasmar-me.

Mário R. Gonçalves disse...

Não sabia, Gi, nunca tinha contado isso no 'Garden' !

Será que Joyce se achou "over-acting" no Hercules? Aquelas tremuras finais de facto prolongam-se demasiado. Mas a voz, a voz...