terça-feira, 8 de março de 2016

Os incontornáveis de Harnoncourt



Da enorme discografia do maestro Harnoncourt, deixo aqui uma lista do que tenho e sei que é escolha obrigatória, muitas vezes insuperável.

Sendo Harnoncourt pioneiro na interpretação, é no reportório clássico mais batido que se mostrou... imbatível: obras corais, sinfonias, concertos e óperas. Os anos 80 e 90 foram os seus anos de ouro, como de toda a nova escola de interpretação de que ele foi pioneiro e mentor: Gardiner, Hogwood, Parrott, Pinnock, Koopman, Herreweghe, Jacobs, Goebel, Christie.
O novo século trouxe a maturidade interpretativa com que abordou um reportório mais vasto.

"Fazer música com 49% de conhecimentos e 51% de intuição."
                                                                                     Nikolaus Harnoncourt

De Bach, as duas Paixões com o Concentus Musicus, superlativas, os Concertos Brandeburgueses, a Missa em Si menor, mas mais que tudo: as Cantatas !

De Händel, pouca coisa: um Saul com Varady e Fischer-Diskau, muito bom; uma Theodora precursora; a Ode a Santa Cecília, belíssima, de 1978.

De Haydn, a oratória Criação, com o Concentus e o côro Arnold Schönberg; o Stabat Mater e várias Missas; e a ópera Armida, com Cecilia Bartoli. Curiosamente, interessou-se pouco por concertos ou sinfonias de Haydn.

De Mozart, o seu compositor de eleição, tudo, mesmo tudo, o que é orquestral. Os Concertos (piano, violino, flauta e harpa, clarinete), as Sinfonias (excelente a 35, já em 2014 !), as Óperas - em particular La Clemenza de Tito,  o Idomeneo, Cosi fan Tutte (com a orq. e côro de Zurique, uma das primeiras escolhas), a Flauta que ainda prefiro entre todas; o Requiem (em 2003, de referência) e as Missas, tudo com o Concentus em estado de graça.

De Beethoven, também tudinho. Sinfonias (com a Chamber Orchestra of Europe, um must), concertos, a Missa Solene, o melhor Fidelio digital, as Aberturas (outro must).

De Schumann, as Sinfonias também, uma referência, duas vezes: com a C.O.E. e depois já com a Berliner.

Correram mal as incursões pela música italiana. Vivaldi, Verdi (Aïda, Requiem) não foram bem servidos pela alma germânica de Harnoncourt. Estranhamente, também em Brahms o maestro esteve menos bem, com gravações anémicas, simplesmente medianas. Ainda se aventurou no romantismo tardio com Dvorak (bem !) e sobretudo com Bruckner - uma excelente 5ª Sinfonia, e uma 9ª fenomenal, com a Filarmónica de Viena (2002).


Without doubt, Nikolaus Harnoncourt has contributed enormously to the history of musical interpretation and hopefully he will do so for many more years to come. Without him, the historically informed performance practice as we know it today would hardly be possible.

[Gramophone]

Continuar a ouvir a sua música (e continuaremos durante décadas, seguramente) é imperativo, irrecusável, é o tributo que a História lhe prestará. Para mim, será também ouvir um amigo valoroso.



2 comentários:

Gi disse...

Esta lista vai ser útil; obrigada, Mário.

Mário R. Gonçalves disse...

Óptimo !

Se quer um só, para começar, que seja perfeito do princípio ao fim, pode ser este:

Mozart, Grabmusik k 42, Regina Coeli k 127, Ave Verum Corpus k 618

Veja só: Concentus Musicus e Arnold Schonberg Chorus, de 1992; Thomas Hampson. Sylvia McNair, Barbara Bonney, Chr. Pregardien...

Um dueto Hampson / McNair fabuloso; um Kyrie k33 de sonho; tudo em estado de graça...

O Ave Verum então, divino.

Teldec,1992 4509-98928-2

A seguir talvez a Flauta...