Já abriu a venda de bilhetes para 2018 na CdM, um ano onde Bruckner vai ser a estrela, mas também com Haydn, Mozart e Mahler bem presentes. Tanto quanto me parece, poucas opções e nenhum entusiasmo: as opções miserabilistas do costume, que em parte se devem aos escassos recursos financeiros. A pequena Áustria é gigantesca de herança musical, e apesar dos Bergs e Schoenbergs, conseguir-se-ia sempre programar boa música.
Pior ainda é o sistema de venda por assinaturas, este ano objecto de grande promoção com belo catálogo. Já nos anos 16 e 17 dei conta do descalabro de lugares vazios devido a gente que compra por atacado os melhores lugares e depois não vai. Ou dá de prenda a amigos que não estão interessados. Ou oferece como brinde por serviços prestados. Etc. É um processo assassino para quem procura seleccionar concertos por compositor ou por intérprete, e não por "ciclos" - piano, violino, barroco, sinfónica, jazz...
Sei que quase só sobravam lugares maus nos melhores (para mim) concertos, logo a meio do primeiro dia de assinaturas. É um corridinho aflito a gastar centenas de euros, pagáveis em prestações, para conseguir Mahler, Mozart, Mendelssohn ou Sibelius, além do incontornável Sokolov. Para as coisas do Remix Ensemble não faltam lugares, claro.
Bem, cá vão os meus destaques, como habitual:
- as sinfonias de Bruckner: a 7ª a 12 de Janeiro com Sanderling, a 4ª a 2 de Fevereiro com Inbal, a 8ª a 16 de Março, a 2ª a 12 de Outubro, a 5ª a 14 de Setembro; nada nos é dito sobre as restantes. Sendo obras massivas, extensas e de fluxo contínuo, que convidam a pairar fora deste mundo, necessitam de muito boa interpretação para evitar a maçadoria e o empastelamento em que descambam com frequência.
- Regressa Paul McCresh (que esteve à frente da Orq. Gulbenkian) em Janeiro: a 21, dirige obras para violino e orquestra de Mozart e Haydn com Huw Daniel, e ainda o Ave Verum Corpus,
- Salve Regina de Handel e cantatas de Bach (BWV 84 e 199), com a soprano Marie Lys mas... sem coro !, a 28 de Março.
- a 8 de Junho um concerto promissor: Arvo Volmer, estoniano, dirige o violinista Benjamin Schmid no 3º concerto para violino de Mozart; na segunda parte, a 5ª de Sibelius. É impressionante a quantidade de bons maestros que a Estónia vem gerando, deve ter uma escola excelente. Com Olari Elts, Schmid volta a 20 de Outubro para o nº 4 de Mozart.
- as Estações de Haydn, por Leopold Hager - que costuma ser apenas medianamente competente - , solistas sem notoriedade e a prata da casa. Duvidoso.
- a fenomenal 6ª de Maher a 14 de Dezembro, dirige Michael Sanderling
- Sokolov vem a 10 de Abril, mas já devem sobrar poucos lugares.
há ainda:
- uma palestra de Alfred Brendel sobre Mozart, certamente inperdível
- o jazz de John Scofield e de Joshua Redman, duas surpresas vedadeiramente luxuosas. Quem dera ter convidados desta grandeza na música clássica!
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